A deficiência de iodo na gravidez pode afetar a inteligência de crianças em idade escolar.
Esta conclusão é de um estudo, publicado na revista científica Lancet, que acompanhou 1.040 grávidas na Grã-Bretanha - da gravidez, até que as crianças atingissem a idade escolar.
Os exames mostraram deficiência de iodo em dois terços das mães pesquisadas - uma taxa iodo-creatinina menor do que 150 microgramas/g.
O iodo é um nutriente essencial para a produção de hormônios pela glândula tireoide, que tem um efeito direto no desenvolvimento do cérebro do feto.
Até recentemente acreditava-se que a deficiência do nutriente era um problema restrito aos países em desenvolvimento.
Os pesquisadores concluíram que as mães com níveis baixos de iodo durante a gravidez tiveram crianças com um rendimento escolar ligeiramente abaixo dos seus colegas.
Mas o estudo também tem suas próprias deficiências.
A principal delas é o uso do teste de QI (quociente de inteligência) para avaliar as crianças, que foram submetidos a testes aos oito e aos nove anos.
Além das pesadas críticas que este tipo de avaliação recebe dentro da própria comunidade científica, já se demonstrou que motivação e hábitos de estudo importam mais que o QI quando se considera o rendimento global dos estudantes.
Outro problema é a ingestão de alimentos sabidamente ricos em iodo durante a gestação, como peixes e laticínios.
Apesar de se saber que deficiências severas de iodo na mãe possam afetar o desenvolvimento cerebral do bebê, inúmeras mulheres ainda recebem orientações de seus médicos para moderarem o consumo de peixe por medo de um outro elemento, o mercúrio, ainda que se saiba que a ingestão de peixe na gravidez pode, por exemplo, diminuir a chance de alergias nos bebês.
Deficiências à parte, o estudo agora publicado revelou um padrão, com as crianças de mães com baixo nível de iodo apresentando um QI cerca de três pontos abaixo de seus colegas - por volta de 2% de variação.
Isto significa, segundo os pesquisadores, que a deficiência de iodo pode "impedir que crianças atinjam seu potencial pleno".
Mas eles rapidamente desaconselham a ingestão de pílulas de algas marinhas pelas grávidas porque elas contêm doses de iodo altas demais.
Ou seja, nada parece ter mudado em relação à recomendação básica dada às gestantes: siga uma dieta balanceada.
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