Mas Doutor...
Quando os pais levam uma criança doente ou ferida até o consultório médico ou serviço de emergência, o que eles mais esperam é que sejam feitos exames e que possam sair de lá com uma receita de medicamentos.
Assim, se o médico os manda de volta com a certeza de que seu filho vai ficar melhor em alguns dias, eles geralmente não saem nada satisfeitos.
O que as famílias - e até mesmo muitos médicos - podem não entender é que muitas intervenções médicas feitas "apenas por segurança" não só são desnecessárias e caras, como também podem prejudicar os pacientes.
É o que garante o Dr. Alan Schroeder, que apresentou uma sessão sobre o assunto na Conferência Nacional da Academia Americana de Pediatria (AAP).
Medo de não ter visto alguma coisa
O Dr. Schroeder, que é chefe do serviço de internação pediátrica em um hospital de emergências para crianças em San Jose (Califórnia - EUA) discutiu algumas das razões pelas quais os médicos prestam cuidados desnecessários, incluindo a pressão dos pais e um medo de estar deixando escapar alguma coisa.
"Todos nós temos casos em que somos assombrados pelo medo de algo ruim acontecer a um paciente," disse ele "Nós tendemos a reagir, fazendo mais e aplicando um tratamento desnecessário ao paciente."
Ele também deu exemplos de onde o tratamento excessivo ocorre mais comumente em pediatria, como a realização de tomografias computadorizadas em crianças que levaram uma pancada leve na cabeça, e as consequências negativas desses exames desnecessários.
"Você pode encontrar uma pequena hemorragia ou uma fratura minúscula no crânio e, uma vez que você viu, você é obrigado a agir sobre ela. E, geralmente, agir sobre ela significa, no mínimo, internar a criança em uma unidade de terapia intensiva para observação, mesmo que a criança pareça perfeitamente bem," disse o Dr. Schroeder.
"O termo para isso é sobrediagnóstico. Você detecta uma anomalia que nunca iria causar danos," acrescentou.
Escolhendo sabiamente
Finalmente, o médico sugeriu formas de minimizar os pedidos excessivos de exames e os sobretratamentos destacando a campanha Escolhendo Sabiamente.
Mais de 60 sociedades médicas dos Estados Unidos, incluindo a Academia Americana de Pediatria, aderiram à iniciativa, já tendo identificado mais de 250 exames e procedimentos que são considerados excessivos ou inadequados em seus campos.
Um dos principais elementos da campanha é promover a discussão dos tratamentos entre os médicos e os pacientes, garantindo que os pacientes sempre saibam o alcance e os riscos associados com cada tratamento, exame ou medicamento.
Isso inclui que os pais não exijam exames ou tratamentos para seus filhos apenas para que eles - os pais - fiquem "mais tranquilos".
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