Evolução das sociedades
É improvável que alguém nascido hoje possa pensar de forma independente em todos os passos necessários para enviar um foguete para a Lua - a coisa é tão complexa que ele precisaria aprender com aqueles que vieram antes dele.
"Há tantas coisas que você precisaria aprender, engenharia, química e astronomia. É a ideia de 'Estar sobre os ombros de gigantes'," explica o professor Marco Smolla, da Universidade da Pensilvânia (EUA).
Os indivíduos podem inovar, criando suas próprias maneiras de promover o conhecimento de uma sociedade, mas, talvez com mais frequência, eles aprendem com aqueles com quem estão conectados.
Smolla e seu colega Erol Akçay, ambos biólogos interessados na evolução, estão propondo que este processo de aprendizagem desencadeia um feedback que afeta e molda toda a estrutura das sociedades.
Para testar essa ideia, eles criaram um modelo simples de dinâmica evolutiva cultural que incorpora o conceito de que as práticas culturais são passadas através de uma rede social. Eles se concentraram no busca de equilíbrio entre uma cultura generalista, que favorece uma ampla gama de habilidades - por exemplo, uma sociedade de caçadores-coletores -, versus uma cultura que favorece especialistas - por exemplo, cada um especializado em ser caçador, coletor ou agricultor.
Generalistas versus especialistas
Sem surpresas, a simulação mostrou que as sociedades em um ambiente que favorece os generalistas, que têm uma ampla gama de habilidades, tornam-se menos conectadas do que aquelas sociedades que favorecem os especialistas, que são altamente qualificados em um número menor de características - como cada um faz uma coisa, é necessário interagir com mais pessoas para satisfazer todas as suas necessidades.
Uma consequência menos óbvia surgiu quando essas sociedades teóricas foram colocadas sob certas pressões. Por exemplo, mudar um ambiente de favorecimento de especialistas para generalistas e depois voltar atrás revelou uma tendência para o surgimento de grupos densos de especialistas, formando "câmaras de eco" resistentes a aprender novas habilidades. Essas sociedades acabaram ficando evolutivamente "travadas", sendo altamente especializadas em poucas habilidades, mesmo quando o ambiente requer uma maior variedade de habilidades.
"Existe uma ideia nos negócios e na ciência, e por aí vai, onde as pessoas dizem que mais rede e mais conectividade é importante porque você obtém traços mais diversificados na rede," comentou Akçay. "O que mostramos é o oposto, que, na verdade, se você ficar mais conectado e bem conectado, você amplifica essa câmara de eco. Você aprende o que observa e, se todos estão conectados, significa que todos aprendem as mesmas coisas."
Valorização das habilidades
Os dois pesquisadores afirmam que esses resultados podem embasar a ação de empresas e até mesmo de campos acadêmicos, para estimular o trabalho em rede.
Olhando para o futuro, eles planejam adicionar mais complexidades ao seu experimento de evolução cultural. Em uma linha de estudo, por exemplo, eles estão examinando o que acontece quando há diferentes valores colocados nas várias habilidades aprendidas e ensinadas em um grupo.
"Digamos que agora é melhor ser um cientista, mas depois seria melhor ser agricultor," explica Smolla. "Estamos interessados em como isso afeta as redes de uma sociedade."
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