Não quero benefícios para os pobres
Os eleitores das democracias modernas há muito tempo têm o poder de tirar um pouco do excesso dos ricos para dar aos pobres e amenizar as enormes desigualdades econômicas e sociais que separam a grande maioria dos cidadãos de uma nação das suas elites super-ricas.
Mas, se você oferecer a cada eleitor individualmente a chance de atuar como Robin Hood, a maioria deles - mesmo em países ricos e menos desiguais - mostra pouco interesse em fazer transferências de riqueza em larga escala dos extremamente ricos para os extremamente pobres, optando por redistribuir apenas cerca de 12% de todos os fundos disponíveis para reduzir as desigualdades entre ricos e pobres.
O experimento randomizado foi feito com uma amostra representativa da população da Alemanha e dos EUA - cerca de 5.000 adultos - e envolvia redistribuir um fundo social, e não doações pessoais.
"Os participantes do nosso experimento estavam dispostos a tolerar um grau considerável de desigualdade, mesmo em um ambiente onde eles tinham controle total sobre a distribuição final da riqueza e não havia custos para a redistribuição," escreveram Michael Bechtel (Universidade de Washington - EUA), Roman Liesch (Universidade de St. Gallen - Suíça) e Kenneth Scheve (Universidade de Stanford - EUA).
Contra a igualdade
Os resultados sugerem que peculiaridades do comportamento humano podem explicar por que os eleitores nos países democráticos não conseguiram reverter as crescentes desigualdades econômicas, antes pelo contrário, alimentando a polarização política e o extremismo ao redor do globo, que envolve culpabilizar os pobres, e não o sistema econômico que não lhes dá oportunidades.
"Uma descoberta fundamental do nosso estudo é que os indivíduos também estão divididos sobre como responder a cenários nos quais eles são mais ricos do que outras pessoas e cenários nos quais eles são mais pobres. Aqueles que tiram dos ricos também não tendem a dar aos pobres, e os indivíduos dispostos a dar aos pobres não tendem a tirar dos ricos," disse Roman Liesch.
"Nossas descobertas mostram que, quando os indivíduos estão expostos à desigualdade e têm a chance de equalizar a riqueza, muitos ainda se abstêm de fazê-lo. Também descobrimos que esse comportamento prediz de maneira significativa se um indivíduo apoia maiores impostos para os ricos e a provisão de benefícios de bem-estar para os pobres," acrescentou Kenneth Scheve.
Em outras palavras, se o mundo está tendo que lidar com pobres cada vez mais pobres e ricos cada vez mais ricos, o problema não está exclusivamente na classe política, como comumente se considera.
Os resultados foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Ética | Relacionamentos | Sentimentos | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.