Mito dos antioxidantes
Você já ouviu muitas vezes, e ainda vai ouvir outras tantas, que os radicais livres causam o envelhecimento e fazem mal à saúde, enquanto os antioxidantes têm o efeito inverso.
Tudo estaria bem se isto estivesse cientificamente comprovado.
O problema é que é muito difícil corrigir um erro no qual muitos acreditam - ainda mais quando esse erro é repetido à exaustão pela mídia e por muitos cientistas que não se atualizam muito bem.
De fato, muito se apregoa que os radicais livres são tóxicos e que os antioxidantes podem contrabalançar seus efeitos.
Agora os cientistas explicam que isso se deve ao fato de que as pesquisas iniciais na área mostraram que a quantidade de radicais livres no corpo aumenta durante o envelhecimento.
O erro é básico: associação é muito diferente de causalidade - em outras palavras, os radicais livres podem estar lá não causando o envelhecimento, mas ajudando o corpo a defender-se dele.
De fato, um grande número de estudos recentes produziu provas contundentes de que a verdade parece ser justamente o oposto do que se apregoa.
O Dr. James Watson, um dos ganhadores do Prêmio Nobel pela descoberta do DNA, é uma dos maiores contestadores do mito dos radicais livres e antioxidantes, defendendo que os antioxidantes não retardam o envelhecimento e ainda podem causar câncer.
Radicais livres contra a morte celular
Agora, pesquisadores da Universidade McGill (Canadá) deram mais uma demonstração de como os radicais livres promovem a longevidade.
Em total acordo com os estudos mais recentes, a equipe descobriu que os radicais livres - também conhecidos como oxidantes - agem em um mecanismo molecular chamado apoptose, ou morte celular programada.
A morte celular programada é um processo pelo qual células danificadas se autodestroem, o que ocorre em uma variedade de situações: para evitar tornar-se cancerosas, para evitar induzir doenças autoimunes ou para matar vírus que as invadiram.
O mecanismo molecular principal pelo qual isso acontece agora é bem conhecido em todos os animais, mas foi descoberto pela primeira vez - uma descoberta que resultou em um Prêmio Nobel - no nematoide C. elegans, um dos animais mais estudados devido à sua simplicidade.
Radicais livres contra o envelhecimento
Os pesquisadores usaram o mesmo modelo animal para descobrir que esse mesmo mecanismo, quando estimulado de maneira correta pelos radicais livres, na verdade reforça as defesas das células, aumentando sua "vida útil" - as células vivem mais.
"As pessoas acreditam que os radicais livres são prejudiciais e causam envelhecimento, mas a tal 'teoria dos radicais livres do envelhecimento' é incorreta," afirma categoricamente o Dr. Siegfried Hekimi, autor sênior do estudo.
"Nós viramos essa teoria de cabeça para baixo, provando que a produção de radicais livres aumenta durante o envelhecimento porque os radicais livres, na verdade, combatem - e não causam - o envelhecimento. De fato, em nosso organismo modelo nós podemos elevar a produção de radicais livres e, assim, aumentar substancialmente seu tempo de vida," acrescenta Hekimi.
Os resultados, além de desmistificar a crença corrente, têm implicações importantes.
"Mostrar os mecanismos moleculares reais pelos quais os radicais livres podem têm um efeito pró-longevidade fornece novas evidências fortes de seus efeitos benéficos como moléculas de sinalização. Isso também significa que a sinalização da apoptose pode ser usada para estimular os mecanismos que retardam o envelhecimento," conclui o pesquisador.
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