30/07/2018

Drogas em testes contra Alzheimer podem piorar as coisas, dizem cientistas

Redação do Diário da Saúde
Drogas em testes contra Alzheimer podem piorar as coisas, dizem cientistas
Esta imagem representa o papel das proteínas tau e da MAP6 na regulação das partes estáveis (verde) e dinâmicas (vermelha) dos microtúbulos de um neurônio. A depleção da tau nos neurônios levou a uma maior estabilidade dos microtúbulos.
[Imagem: Drexel University]

Tau e Alzheimer

Com a perda de sustentação da chamada hipótese beta-amiloide, a maioria dos esforços para combater o Alzheimer vinha se voltando para uma proteína chamada tau.

Mas parece que as primeiras abordagens usadas para debelar a tau podem piorar a situação, em vez de melhorá-la.

Embora a maioria dos cientistas e médicos acreditem que a proteína tau estabiliza os microtúbulos nos neurônios do cérebro, novas pesquisas sugerem exatamente o oposto: a tau aumenta o comprimento dos microtúbulos e os mantém dinâmicos.

Isto indica que as drogas estabilizadoras de microtúbulos, atualmente em ensaios clínicos, poderão não ser eficazes no tratamento da doença de Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas baseadas na tau.

"A teoria mais aceita sugere que pacientes com doenças neurodegenerativas estão perdendo microtúbulos porque eles estão se tornando menos estáveis. O que nosso estudo sugere é que, com a depleção da tau, os pacientes estão de fato perdendo as regiões dinâmicas dos microtúbulos. Então, ao tratar as doenças neurodegenerativas com medicamentos estabilizadores de microtúbulos, o potencial é para piorar as coisas, em vez de melhorar," disse o Dr. Peter Baas, na Universidade de Drexel (EUA).

Microtúbulos e tau

Os microtúbulos são polímeros tubulares que compõem a infraestrutura de uma célula e também funcionam como vias para transportar organelas por todo o citoplasma. Essas estruturas intracelulares têm uma região estável, assim como uma região que permanece dinâmica, ambas importantes para o seu papel na célula.

Tau é uma das principais proteínas da doença de Alzheimer. No cérebro doente, a tau vaza dos microtúbulos e forma emaranhados neurofibrilares, bloqueando o transporte de nutrientes para os neurônios e, eventualmente, matando-os.

Drogas que afetam a estabilidade dos microtúbulos estão sendo investigadas como potenciais terapias para a doença de Alzheimer, porque é quase universalmente aceito pela comunidade científica - o que é evidenciado pela documentação em centenas de trabalhos de pesquisa, sites e materiais instrucionais - que o papel da tau é estabilizar os microtúbulos nos neurônios do cérebro, especificamente em fibras nervosas chamadas axônios.

O que este novo trabalho diz é que essa teoria está errada. Agora será necessário esperar que outros grupos de pesquisa refaçam os experimentos e validem os novos resultados.

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