Promessas e ilusão
As tentativas de se realizar de forma precoce e deliberada aplicações clínicas de células-tronco mesenquimais, sem que os mecanismos moleculares fundamentais que envolvem essas células estejam totalmente esclarecidos, têm resultado em uma certa desilusão em relação à eficácia do uso dessas células para o tratamento de doenças autoimunes.
A avaliação é de Marco Antônio Zago, pró-reitor de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC), em Ribeirão Preto.
"Estão sendo feitas promessas de que será possível curar certas doenças e fazer pessoas com deficiência motora andarem com o uso de células-tronco, por exemplo. Mas isso é algo ainda distante. É preciso antes conhecer os mecanismos moleculares que envolvem tanto essas células como as patológicas, para que, de fato, elas possam ser utilizadas em terapia celular", disse Zago.
Centro de Terapia Celular
Segundo Zago, foi justamente para buscar esclarecer os mecanismos dessas células e tentar dominá-los que foi criado o CTC (Centro de Terapia Celular).
O CTC investiga mecanismos celulares básicos, características e processamento das células usadas para terapia, pacientes afetados pelas doenças a serem tratadas e modelos animais dessas doenças.
Um dos trabalhos de mais alto impacto realizado pelo grupo de pesquisadores do Centro foi uma pesquisa sobre o tratamento de diabetes mellitus tipo 1 empregando células-tronco do próprio paciente.
"Ao esclarecer os mecanismos moleculares dessas células e tentar dominá-los, é possível aplicar esse conhecimento em estudos clínicos, como ocorreu nessa pesquisa", disse Zago.
Outro ganho obtido pelo CTC, segundo seu coordenador, foi possibilitar a formação de jovens pesquisadores na área de terapia celular em um número muito maior do que se os grupos de pesquisa continuassem trabalhando isoladamente como estavam antes da formação do Centro. "O que é uma conquista bastante relevante, considerando também que estamos sediados no interior do estado e relativamente distantes da capital", disse.
Difusão do conhecimento
Entre os jovens pesquisadores que passaram pelo programa de formação de CTC há alguns que estão começando a abrir empresas de base tecnológica. Um fato que, na opinião de Zago, revela outra contribuição do programa CEPID, ao introduzir a necessidade de os pesquisadores se preocupar com a transferência tecnológica para o setor produtivo.
"Éramos um grupo estritamente acadêmico, e o CEPID introduziu essa preocupação com a questão da transferência tecnológica. Em função disso, obtivemos patentes e nos aproximamos de empresas", afirmou.
O CTC também desenvolveu diversas ações na difusão para a sociedade do conhecimento adquirido pelo Centro. Um exemplo é o programa Casa da Ciência, que teve início em 2001 e desenvolve atividades de ensino de ciências voltadas para alunos e professores de escolas do ensino fundamental e médio da região de Ribeirão Preto, atendendo cerca de 30 municípios da região.
"Esse programa de divulgação científica do CTC é um dos mais ativos no Estado de São Paulo. Os estudantes frequentam continuamente a sede do Centro, têm contato com os pesquisadores e produzem uma grande variedade de materiais, que vão de livros educativos a jornal de ciências e peças de teatro. E isso não ocorreria se não fosse o apoio do programa CEPID", disse Zago.
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