Alzheimer sem sintomas
Cada pessoa vivencia o envelhecimento à sua maneira, e fatores como genética, estilo de vida e meio ambiente desempenham um papel nesse processo. Alguns indivíduos chegam aos 90 ou mesmo aos 100 anos com boa saúde, sem medicamentos ou doenças cerebrais.
Mas como esses indivíduos mantêm a saúde à medida que envelhecem?
Cientistas foram procurar a resposta em cérebros do Banco de Cérebros dos Países Baixos, onde estão armazenados tecidos cerebrais de mais de 5.000 doadores, que morreram devido a uma ampla gama de doenças cerebrais diferentes. Além do tecido armazenado, com diagnósticos neuropatológicos muito precisos, o Banco de Cérebros também mantém o histórico médico documentado e o curso detalhado da doença, com os sintomas de cada doador.
Para surpresa geral, a análise mostrou a existência de um subgrupo de pessoas que apresentavam processos da doença de Alzheimer no cérebro, mas não apresentaram nenhum sintoma clínico em vida. A equipe os chamou de "grupo resiliente", formado por pessoas aparentemente "imunes" ao Alzheimer, assim como há pessoa que contraem os vírus da covid-19 ou da dengue e não apresentam sintomas.
Ainda não sabemos
Mas como é possível que essas pessoas não tenham sentido nenhum sintoma enquanto a maioria os apresenta? Responder a essa pergunta exigirá muito mais pesquisas.
"O que está acontecendo nessas pessoas em nível molecular e celular ainda não estava claro. Nós então procuramos doadores com anomalias no tecido cerebral que não apresentassem declínio cognitivo. De todos os doadores, encontramos 12, de modo que isso é bastante raro. Acreditamos que a genética e o estilo de vida desempenham um papel importante na resiliência, mas o mecanismo exato ainda é desconhecido," disse o professor Luuk de Vries, do Instituto Holandês de Neurociências.
"Exercitar-se ou ser cognitivamente ativo e ter muitos contatos sociais pode ajudar a retardar o aparecimento da doença de Alzheimer. Recentemente também foi descoberto que aqueles que recebem muitos estímulos cognitivos, como através de um trabalho complexo, podem desenvolver mais patologia de Alzheimer antes de desenvolverem sintomas. Se conseguirmos encontrar a base molecular para a resiliência, então teremos novos pontos de partida para o desenvolvimento de medicamentos, que poderão ativar processos relacionados com a resiliência em pacientes com Alzheimer," concluiu o pesquisador.
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