CRISPR e câncer
A técnica de edição genética CRISPR/Cas9 está atualmente em testes clínicos em todo o mundo para uma variedade de doenças.
Mas um relatório de especialistas do Hospital Infantil de Boston (EUA) está emitindo um alerta para um perigo potencial e até agora desconhecido da edição dos genes CRISPR.
Estudando o CRISPR/Cas9 em várias linhagens de células humanas, a equipe descobriu que a técnica pode causar grandes rearranjos no DNA por meio de um processo chamado retrotransposição.
Os rearranjos ocorrem quando as quebras que são feitas no DNA no processo de edição não são reparadas, permitindo que extremidades incompatíveis se unam. Os eventos de retrotransposição causados pelo CRISPR ocorreram entre 5 e 6% das operações no modelo experimental do estudo, um número extremamente alto quando se leva em conta que essas alterações podem teoricamente desencadear câncer.
Esta é outra fonte importante de preocupação sobre essa edição gênica, já que recentemente havia sido comprovado também que a edição genética CRISPR-Cas9 pode gerar mutações que passam para os filhos.
Retrotransposição
Na retrotransposição, as sequências de DNA conhecidas como "elementos móveis" se movem de um local para outro no genoma. Usando enzimas, elas se replicam e criam uma quebra em ambas as fitas da dupla hélice do DNA, onde se inserem.
Isso também acontece naturalmente e é muitas vezes inofensivo - de fato, ao longo da evolução, elementos móveis (também chamados de "genes saltadores") passaram a compor aproximadamente um terço do nosso genoma. Mas eles também têm sido associados a doenças, sobretudo o câncer.
Para evitar o risco agora descoberto, os pesquisadores aconselham a adição de testes de retrotransposição aos testes de segurança já usados para os sistemas de edição CRISPR/Cas9. As tecnologias de teste atuais sequenciam pequenos trechos de DNA para garantir que o gene desejado foi adicionado ou excluído no lugar certo, ou procuram por pequenos rearranjos de genes. Mas eles não procuram grandes rearranjos causados por retrotransposição.
"Esperamos que nossas descobertas encorajem os pesquisadores que usam o CRISR/Cas9 a incluir uma verificação para inserção de elementos móveis," disse o professor Roberto Chiarle. "O CRISPR é realmente um divisor de águas na terapia genética, por isso é muito importante saber exatamente o que ele faz para garantir sua segurança."
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