Nocebo e placebo
Como você bem sabe quando corta um dedo ou um dente resolve dar problemas, a dor nem sempre está só na sua cabeça.
Mas, e em um número enorme de vezes, suas expectativas de fato influenciam sua percepção da dor ou da intensidade da dor.
O efeito placebo e o efeito nocebo estão largamente documentados na literatura científica, mas os cientistas continuam ainda sem entender como eles funcionam fisiologicamente.
Apenas para lembrar, o efeito nocebo é o sugestionamento positivo induzido nas pessoas que acreditam estar tomando um medicamento ativo ou recebendo uma terapia eficaz; o efeito nocebo é o contrário, cobrindo os eventos que ocorrem como resultado de expectativas negativas sobre um tratamento ou medicamento.
Lewis Crawford e seus colegas da Universidade de Sidnei (Austrália) descobriram agora que a informação sobre as expectativas - o motor do efeito placebo - viaja no cérebro saindo do córtex e indo para grupos de células no tronco cerebral.
São esses sinais que então modulam os sinais de dor na medula espinhal.
Rota para novos tratamentos da dor
Os pesquisadores mediram a atividade cerebral usando ressonância magnética funcional (fMRI) de alta resolução em voluntários conforme eles avaliavam a dor que sentiam ao receber um estímulo quente aplicado em seus braços.
A equipe condicionou os participantes a pensar que três tipos de creme haviam sido aplicados em seus braços: um creme analgésico com lidocaína, um creme intensificador de calor, com capsaicina, e vaselina.
Na realidade, todos os três cremes eram vaselina, de forma que quaisquer diferenças percebidas na dor vinham do efeito placebo (redução imaginária da dor) ou do efeito nocebo (aumento imaginário da dor).
Tanto o efeito placebo quanto o nocebo influenciaram a atividade no mesmo circuito do tronco cerebral - mas fizeram isso de maneiras opostas.
A força do efeito placebo foi associada ao aumento da atividade em uma área chamada medula ventromedial rostral e diminuição da atividade em um núcleo denominado cinza periaquedutal; o efeito nocebo induziu a mudança oposta.
Segundo a equipe, a descoberta é importante não apenas por revelar o papel do tronco encefálico na modulação da dor, mas principalmente por oferecer uma rota para o desenvolvimento de novos tratamentos para a dor crônica.
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