Ponto fraco dos vírus
Uma equipe da Universidade de Southampton (Reino Unido) fez uma descoberta significativa nos esforços para desenvolver uma vacina contra zika, dengue, hepatite C e outras doenças causadas por vírus ou, até mesmo, contra o câncer.
Mohammed Naiyer e seus colegas demonstraram que as chamadas "células assassinas" naturais, que são uma parte fundamental do nosso sistema imunológico e encarregadas de matar invasores, podem reconhecer muitos vírus diferentes, incluindo agentes patogênicos como vírus zika, dengue e hepatite C, através de um único receptor chamado KIR2DS2.
Isto pode mudar a forma como os vírus são alvejados pelas vacinas.
Células matadoras contra os vírus
As vacinas funcionam estimulando a resposta imunológica ao revestimento de proteínas dos vírus, permitindo ao corpo combater o vírus e reconhecê-lo no futuro. No entanto, os vírus são capazes de mudar seus revestimentos de proteínas, o que os ajuda a fugir dos anticorpos, fazendo com que alguns vírus sejam muito difíceis de serem alvejados por vacinas.
O receptor das células matadoras agora descoberto é capaz de atingir uma parte não-variável do vírus, chamada proteína NS3 helicase, que é essencial para que o vírus funcione corretamente. Ao contrário de outras proteínas, a helicase NS3 não muda, o que permite que o sistema imunológico a agarre e deixe que as células matadores façam sua parte para eliminar a ameaça.
"A proteína helicase NS3 pode ser a chave para desbloquear a defesa de vírus letais que afetam tantas pessoas ao redor do mundo. É muito emocionante descobrir que outros vírus semelhantes à hepatite C, como o vírus zika, o vírus da dengue, o vírus da febre amarela, vírus da encefalite japonesa e, na verdade, todos os flavivírus, contêm uma região dentro das proteínas NS3 helicase que é reconhecida exatamente pelo mesmo receptor KIR2DS2. Acreditamos que, atingindo essa região da helicase NS3, poderemos produzir um novo tipo de vacina com base em células assassinas naturais, que poderão ser usadas para ajudar a proteger as pessoas," disse professor Salim Khakoo, coordenador da equipe.
Estratégia contra o câncer
É importante ressaltar que a pesquisa ainda está em estágio inicial, sendo a seguir necessário realizar estudos em animais e, posteriormente, ensaios clínicos em humanos, para testar a descoberta.
Os pesquisadores querem agora confirmar que essas células KIR2DS2 são protetoras durante infecções agudas por flavivírus e esperam desenvolver uma vacina que aponte para as células assassinas naturais.
A equipe acredita que, se funcionar, um processo semelhante poderá ser usado para atingir o câncer.
"Os tratamentos de câncer que usam o próprio sistema imunológico do corpo [imunoterapias] estão se tornando mais comuns. Nossos resultados apresentam uma estratégia completamente nova para a terapêutica viral que pode ser facilmente traduzida para o câncer. Os próximos anos serão muito emocionantes nesta área," disse o professor Khakoo.
Os resultados foram publicados na revista Science Immunology.
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