Melhor época para exames
Exames com pacientes que sofreram infarto agudo do miocárdio e que foram tratados por angioplastia (desobstrução da artéria) com implante de stent ( pequena mola que impede o estreitamento dos vasos sangüíneos) se realizados no sexto mês após o procedimento, são mais eficientes na detecção de novos problemas do coração. Esse dado, defendido na comunidade médica, foi estudado recentemente em São Paulo.
A autora da pesquisa é a cardiologista Rica Dodo Delmar Büchler, que documentou os resultados em sua tese de doutorado. O estudo já foi discutido em congressos nacionais e um artigo deve ser publicado em breve em uma revista internacional especializada em cardiologia.
Esforço físico pós-infarto
O universo estudado foi de 64 pacientes do Instituto do Coração (Incor), da Faculdade de Medicina da USP, e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, tratados por ocasião do primeiro infarto e que realizaram o cateterismo cardíaco seguido da angioplastia até 12 horas após o primeiro sintoma, não resultando comprometimento significativo do músculo do coração. Ou seja, apesar do infarto, eram pacientes em condições de realizar testes de esforço físico em esteira durante o primeiro ano após o tratamento.
Tomou-se o cuidado de não receitar medicamentos ou pedir a interrupção de qualquer tratamento que os pacientes estivessem seguindo, porque o intuito era observar o comportamento físico e a probabilidade de reestenose, ou seja, retorno da obstrução no vaso previamente tratado, ao longo do primeiro ano após a angioplastia com implante dos stents, levando-se em conta o cotidiano normal de cada um.
Caminhada
Pedia-se, então, para que o paciente caminhasse, em média, nove minutos na esteira, em um ritmo suficiente para causar cansaço. Depois, era realizada a cintilografia miocárdica, ou seja, injeção de substância radioativa no sangue que identificaria novos pontos de isquemia no músculo cardíaco. O mesmo procedimento foi realizado seis semanas, seis meses e um ano após o tratamento do infarto, e todos os pacientes refizeram o cateterismo no sexto mês de acompanhamento.
"Os exames do primeiro mês não forneciam dados claros para identificar os pacientes que teriam novos problemas", comenta Rica. "O exames realizados no sexto mês possibilitaram observar a melhor correlação entre reestenose e sintomas como cansaço excessivo ou dores no peito, bem como identificar áreas de menor fluxo sanguíneo."
Isquemia
Além de provar que em seis meses, tempo que coincide com o reestreitamento dos stents, é mais fácil identificar novos pontos de isquemia (falta de circulação de sangue), no estudo foi observado que, ao longo de um ano, a capacidade física dos pacientes aumentou. "Isso mostra que o tratamento precoce do infarto do miocárdio foi benéfico", explica a cardiologista.
Outro resultado positivo foi que um ano após o primeiro cateterismo não havia ocorrido nenhum óbito entre os pacientes. "A literatura já dizia que, se tratado logo nas primeiras horas, o infarto agudo do miocárdio não acarretaria problemas graves no funcionamento cardíaco, dado relacionado à sobrevida durante a evolução. E com este estudo conseguimos comprovar essa teoria", comemora Rica.
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