Infectando pernilongos
Pessoas infectadas pelo vírus da dengue, mas que não apresentam os sintomas clínicos, podem de fato infectar os pernilongos que lhes picam.
Ao passar o vírus para os pernilongos, esses pacientes assintomáticos - assim como aqueles que têm os sintomas - desempenham um papel crucial na cadeia de transmissão e proliferação da dengue.
A comprovação definitiva da transmissão do vírus da dengue de humanos não sintomáticos para os pernilongos foi obtida por cientistas do Instituto Pasteur e do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas da França.
Eles calculam que os pacientes assintomáticos, mais aqueles nos quais a dengue causa apenas sintomas leves, representam até três quartos de todas as infecções por dengue, mostrando a importância desse elo na epidemia.
Dengue "transmissível"
Estas descobertas, publicadas na revista científica PNAS, contestam as teorias geralmente aceitas pela comunidade científica sobre a epidemiologia da dengue.
A maioria dos pacientes que contraem dengue ouve de seus médicos que podem voltar ao seu convívio normal em casa porque "a dengue não é transmissível". De fato, não há transmissão humano-humano da dengue, mas sem o esclarecimento adequado, essa instrução negligencia a importância da pessoa contaminada como transmissora do vírus para outros pernilongos, que podem então infectar seus familiares e vizinhos.
Em vez de uma orientação do tipo "Nada a fazer", cuidados simples - como o uso de mosquiteiros, por exemplo - podem facilmente tirar a pessoa infectada do circuito de proliferação do vírus e reduzir a taxa de propagação da epidemia.
Viremia
Até agora os cientistas pensavam que as infecções assintomáticas ou apenas ligeiramente sintomáticas da dengue não atingiam um nível suficientemente alto de viremia (a concentração do vírus no sangue) para infectar os pernilongos.
"Esta descoberta mostra a possibilidade de que as pessoas com poucos ou nenhum sintoma - em outras palavras, a maioria das pessoas infectadas pela dengue - podem realmente estar contribuindo para a propagação do vírus sem se dar conta disso," explicou Louis Lambrechts, coordenador do estudo.
"Estes dados devem levar-nos a rever nossa abordagem para o tratamento precoce das epidemias de dengue", aconselhou seu colega Veasna Duong.
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