Questionário de diagnóstico do autismo
Cientistas descobriram que um dos testes mais utilizados no mundo todo por médicos e pesquisadores para medir traços de personalidade autista carece de confiabilidade e pode não estar captando os sinais certos de autismo.
Emily Taylor e seus colegas das universidades de Bath e Cardiff (Reino Unido) afirmam que isso significa que pesquisas que incluam resultados desse teste podem não ter validade científica, além de levantar novas questões sobre seu uso na triagem e diagnóstico do transtorno do espectro autista na população em geral.
O questionário, chamado "Quociente do Espectro do Autismo (AQ10)", apresenta questões sobre características de personalidade que se acredita estarem associadas ao autismo. Existem muitas formas e versões desse questionário, sendo o AQ10 o mais curto e o mais comumente usado pelos clínicos gerais.
As pretensas características ou tendências autistas detectadas pelo questionário são então vinculadas ao desempenho em outras tarefas, a fim de mostrar como o autismo pode estar relacionado a outros comportamentos e dificuldades sociais.
Várias autoridades nacionais, como o NHS do Reino Unido, onde o estudo foi feito, recomendam o AQ10 como uma ferramenta de triagem para o autismo em adultos. Para fins de pesquisa científica, os resultados do questionário são usados em estudos de larga escala para medir características autistas na população em geral.
Métrica errada, conclusões erradas
Os pesquisadores usaram dados de mais de 6.500 pessoas da população em geral para examinar a eficácia do AQ10 na medição do autismo. Além de responder ao questionário, os voluntários foram submetidos a análises por psicólogos.
Os resultados mostraram que a aferição pelo questionário apresenta baixa confiabilidade em várias técnicas estatísticas. Por isso, a equipe sugere que a dependência do AQ10 como medida de características autísticas precisa ser questionada.
Eles sugerem que precisamos de novos sistemas criados para capturar melhor na população em geral a variedade de traços de personalidade autista.
"Nossas descobertas adicionam mais evidências a um crescente corpo de literatura indicando que as medidas de autismo e características autísticas atualmente usadas em pesquisas são inadequadas.
"Muito do que sabemos sobre o autismo - e como ajudar as pessoas com autismo - veio de estudos em que essas ferramentas são usadas. No entanto, se a medida do autismo não é confiável, como sugerimos, o mesmo ocorre com as descobertas e conclusões [desses estudos científicos]. Sem medidas confiáveis, não está claro se os resultados desses estudos são válidos e podem estar prejudicando o apoio que fornecemos a pessoas com personalidades autistas ou com diagnóstico de autismo na sociedade," disse o Dr. Punit Shah, coordenador da avaliação.
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