Optogenética
Pesquisadores conseguiram pela primeira vez controlar o comportamento de macacos usando pulsos de luz azul para ativar neurônios específicos no cérebro dos animais.
Os resultados representam um avanço fundamental para a optogenética, um método inovador para estabelecer conexões causais entre a atividade do cérebro e o comportamento.
Os primeiros resultados vieram em 2010, quando uma equipe da Universidade de Stanford ativou movimentos musculares usando luz.
Na ocasião, eles trabalhavam com camundongos. O uso de macacos é um passo natural rumo à exploração da técnica em humanos.
Controle do cérebro com luz
Com base na descoberta, os pesquisadores afirmam que o controle cerebral com luz provavelmente poderá ser feito em seres humanos para fins terapêuticos.
Hoje, esse tipo de controle é feito de forma invasiva, com a inserção de eletrodos diretamente no cérebro.
O experimento "abre as portas à utilização da optogenética em larga escala nas pesquisas com primatas e para iniciar o desenvolvimento de terapias baseadas em luz para seres humanos, disse Wim Vanduffel, do Hospital Geral de Massachusetts (EUA).
Na optogenética, a inserção de genes sensíveis à luz derivados de organismos microbianos faz com que os neurônios reajam à luz.
Tratamento de distúrbios neurológicos
No novo estudo, os pesquisadores se concentraram em neurônios que controlam os movimentos oculares.
Usando a optogenética juntamente com a ressonância magnética funcional (fMRI), eles demonstraram que a luz ativa os neurônios, gerando atividade cerebral e mudanças sutis no movimento dos olhos.
Os resultados não apenas abrem o caminho para uma compreensão mais detalhada de como diferentes partes do cérebro controlam o comportamento, como também podem ter importantes aplicações clínicas no tratamento de condições como Mal de Parkinson, dependência química, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo e outros problemas neurológicos.
"Vários distúrbios neurológicos podem ser atribuídos a danos a tipos específicos de células em regiões cerebrais muito restritas," diz Vanduffel. "A beleza da optogenética é que, ao contrário de qualquer outro método, ela pode afetar a atividade de tipos de células muito específicas, deixando as outras intocadas."
A transposição dos resultados para seres humanos, contudo, terá que superar as questões envolvidas com a inserção de genes não-humanos no cérebro de pacientes.
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