Malária cerebral
As células endoteliais do cérebro são capazes de sentir a infecção pelo parasita da malária numa fase muito precoce.
Elas detectam a infecção através de um sensor localizado no seu interior, que dispara uma cascata de eventos, começando pela produção de interferon-β.
Em seguida, as células endoteliais liberam uma molécula sinalizadora que atrai células do sistema imunológico até o cérebro, o que dá início ao processo inflamatório.
A descoberta, feita por Teresa Pais e colegas do Instituto Gulbenkian de Ciência (Portugal), apresenta novos alvos terapêuticos para a malária.
"O passo seguinte será tentar inibir a atividade deste sensor no interior das células endoteliais e perceber se conseguimos atuar na resposta do hospedeiro e impedir toda a patologia que é causada no cérebro numa fase mais inicial," explicou o professor Carlos Gonçalves, líder da equipe. "Se usássemos inibidores do sensor em paralelo com os antiparasitários, talvez conseguíssemos evitar a perda de função de neurônios e as sequelas neurológicas, que são um grande problema para as crianças que sobrevivem à malária cerebral."
A malária cerebral é uma complicação grave da infecção por Plasmodium falciparum, o mais letal dos parasitas que causam malária.
Alvo terapêutico
Os pesquisadores utilizaram um sistema de edição genética que lhes permitiu eliminar o sensor em vários tipos de células. Quando eliminaram esse sensor nas células endoteliais do cérebro, os animais de laboratório passaram a não desenvolver sintomas tão agressivos, nem tampouco morriam da infecção.
Mas o que mais surpreendeu foi o fator que ativa o sensor e desencadeia esta resposta nas células: Nada mais nada menos do que um subproduto resultante da atividade do próprio parasita.
Uma vez na circulação sanguínea, o parasita invade os glóbulos vermelhos do hospedeiro, onde se multiplica, digerindo a hemoglobina, uma proteína que transporta oxigênio, para obter nutrientes. Neste processo forma-se uma molécula chamada heme, que pode ser transportada na corrente sanguínea no interior de partículas que são absorvidas pelas células endoteliais. Quando isto acontece, o heme funciona como um alarme para o sistema imunológico.
"Não estávamos à espera que o heme pudesse chegar ao interior das células desta forma e ativar a resposta de interferon-βnas células endoteliais", confessa Teresa.
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