Pesquisas de câncer
O Centro Internacional de Pesquisa e Ensino (Cipe) em Oncologia do Hospital A.C. Camargo será inaugurado nesta quinta-feira (5/8), em São Paulo. O centro irá abrigar e centralizar toda a produção científica e o ensino na instituição.
Com investimentos de R$ 18 milhões, as instalações reunirão, entre outros, pesquisas com oncogenômica, príons e tumores de maior incidência entre brasileiros: mama, próstata, cólon e cabeça e pescoço. A direção será de Ricardo Renzo Brentani.
Com 4 mil metros quadrados, o Cipe tem infraestrutura e tecnologia só comparáveis às de centros internacionais e será inaugurado pelo alemão Harald zur Hausen, que em 2008 recebeu o Prêmio Nobel de Medicina por identificar a relação do papilomavírus humano (HPV) com tumores como o de colo do útero, o segundo mais frequente em mulheres no Brasil. Zur Hausen é um dos principais convidados da Jornada Internacional de Patologia organizada pelo A.C.Camargo.
Sequenciador de DNA
De acordo com Brentani, o Cipe colocará a pesquisa em câncer no país em condição privilegiada. "Não temos, no Brasil, uma infraestrutura compatível com essa. Adquirimos equipamentos únicos no país, como o sequenciador que pode realizar genomas completos de um ser humano em menos de uma semana, e temos algumas das melhores cabeças da ciência oncológica reunidos em um mesmo ambiente", disse.
O sequenciador de DNA foi adquirido pelo Centro Antonio Prudente para Pesquisa e Tratamento do Câncer, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da FAPESP. O equipamento permite a realização de 500 milhões de sequências em uma semana e beneficiará todos os projetos de pesquisa genômica em curso no A.C.Camargo, um dos principais diferenciais da instituição.
"Com o novo sequenciador, o pesquisador poderá detectar mutações em genes de maneira mais rápida, a um custo muito mais acessível. O primeiro genoma humano levou 15 anos para ser sequenciado, a um custo de cerca de US$ 15 bilhões. Se na época existisse a tecnologia que o A.C.Camargo passa a ter agora, o mesmo trabalho teria sido realizado em uma semana a um custo estimado de US$ 5 ou US$ 10 mil", disse Emmanuel Dias-Neto, pesquisador do A.C. Camargo.
Brentani ressalta que o desenvolvimento científico reflete em benefícios diretos ao paciente, um diferencial do hospital e também de suas linhas de ensino e pesquisa.
"Sete entre dez de nossos pesquisadores integram o corpo clínico do A.C.Camargo, o que significa que seu conhecimento reflete na prática médica. O trabalho desses cientistas retorna para o paciente na forma de um tratamento mais eficaz", afirmou.
Relação entre infecção e câncer
Responsável pela descoberta da relação entre o papilomavírus humano (HPV) e câncer, Hausen, do Centro de Pesquisa em Câncer de Heidelberg, na Alemanha, será um dos destaques do 3º Encontro de Patologia Investigativa e da 13ª Jornada Internacional de Patologia, que serão realizados entre os dias 4 e 7 de agosto, em São Paulo, ambos coordenados pelo patologista Fernando Soares, diretor da Pós-Graduação do Hospital.
Em duas aulas, Hausen apresentará detalhes sobre um dos mais caros temas da atualidade: a relação entre infecção e câncer. O pesquisador identificou em 1983 a presença do HPV tipo 16 em biópsias de mulheres com câncer do colo do útero.
No ano seguinte, foi a vez de associar a doença também com o tipo 18. Os dois são encontrados em aproximadamente 70% das biópsias desse tipo de câncer em todo o mundo, o segundo mais comum em mulheres, atrás apenas do câncer de mama. As estimativas para o biênio 2010/2011 apontam para 18 mil novos casos/ano no Brasil. Diversos tipos de câncer, como os de boca, garganta e pênis, também estão ligados ao HPV.
Também estará presente no evento o patologista Craig Allred, da Universidade de Washington, que desenvolveu técnica adotada em todo o mundo no diagnóstico diferencial do câncer de mama. Allred mostrará detalhes do método, além de mostrar como prever com certa precisão os resultados do tratamento oncológico a partir de um determinado diagnóstico.
O evento reunirá ainda especialistas dos principais centros de pesquisa europeus e norte-americanos, como a Universidade College London (Inglaterra), a Universidade de Edimburgo (Escócia), a Universidade de Toronto (Canadá), o Centro do Câncer M.D.Anderson (Estados Unidos), além de pesquisadores brasileiros do Instituto Ludwig, das universidades de São Paulo e Estadual Paulista e das federais de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
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