Remédio sob medida
Cientistas do Instituto de Pesquisas Scripps (EUA) conseguiram transformar células doentes em fábricas de substâncias que podem tratar a própria doença.
Trabalhando com células acometidas de uma forma de distrofia muscular, eles afirmam ter desenvolvido uma técnica que poderá levar à criação de inúmeros novos medicamentos.
"Estamos usando uma célula como reator, e um defeito que causa uma doença como catalisador para sintetizar um tratamento dentro de uma célula doente," explica o professor Matthew Disney.
"Como o tratamento é sintetizado apenas nas células doentes, os compostos podem proporcionar terapias altamente específicas que atuam apenas quando uma doença está presente. Isto significa que potencialmente podemos tratar uma série de condições de forma muito seletiva e precisa, de uma forma totalmente sem precedentes," acrescentou ele.
Mais potentes
Em geral, os compostos químicos pequenos e de baixo peso molecular podem atravessar a barreira sangue-cérebro, uma rede de células endoteliais densamente fechada que protege o cérebro, afastando moléculas estranhas e permitindo a passagem de moléculas necessárias ao funcionamento do cérebro, como glicose e insulina.
Contudo, são os compostos de massa mais elevada que tendem a ser mais potentes e darem melhores resultados terapêuticos.
Com a nova técnica, as pequenas moléculas se tornaram inibidores potentes quando atingiram seus alvos em células que expressam um defeito de RNA, tais como os encontrados na distrofia miotônica.
Um par de pequenas "moléculas-módulos" que os cientistas desenvolveram liga-se a partes adjacentes do defeito em uma célula viva, colocando os dois grupos mais próximos.
Nessas condições, as partes adjacentes dão-se as mãos de forma permanente, como explica o Dr. Disney. Tão logo a conexão é feita, a pequena molécula liga-se firmemente ao defeito, podendo reverter os danos induzidos pela doença em nível molecular.
"Quando estes compostos se montam na célula, eles são 1.000 vezes mais potentes do que a pequena molécula sozinha e 100 vezes mais potentes do que o nosso principal composto mais ativo," disse Suzanne Rzuczek, principal autora do trabalho. "Esta é a primeira vez que isso é validado em células vivas."
O estudo está em nível inicial, e o próximo passo será testar a nova técnica em animais de laboratório.
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