Brasileiros têm deficiência de vitamina D mesmo no verão

O melhor é tomar sol, porque a ciência envolvendo os suplementos de vitamina D ainda é confusa, além do fato de que os exames para checar a vitamina D podem estar medindo a coisa errada.
[Imagem: Jill Wellington]

Níveis de vitamina D na população

Dada a falta de vitamina D na população por excesso de uso dos protetores solares, algo verificado em várias partes do mundo, pesquisadores da Fiocruz decidiram avaliar o que está acontecendo no Brasil.

Como a vitamina D é produzida naturalmente pelo corpo ante a exposição ao Sol, Victoria Borba e seus colegas selecionaram voluntários de Salvador, Curitiba e São Paulo, cidades de diferentes regiões do Brasil e com diferentes níveis de insolação.

Além de medir os níveis de vitamina D, os pesquisadores procuraram por sua associação com estilo de vida, fatores sociodemográficos e medidas corporais. Este foi o primeiro estudo representativo a investigar os níveis de vitamina D em uma população saudável no Brasil.

Os resultados mostraram uma forte deficiência de vitamina D mesmo durante o verão e em indivíduos saudáveis. Apesar de vivermos em um país tropical, o risco de deficiência de vitamina D apresentou uma prevalência próxima à dos países europeus.

A deficiência foi ainda pior em São Paulo e Curitiba durante o inverno, uma vez que o nível de vitamina D nessa época do ano tende a cair em cerca de 30%.

Insuficiência e deficiência de vitamina D

A vitamina D é responsável por manter as propriedades do cálcio e o funcionamento saudável do organismo por conta de suas ações no intestino, rim, ossos e glândulas. Sua deficiência pode acarretar problemas sérios de saúde, como osteoporose, além de causar fraqueza muscular, aumento do risco de quedas ou fraturas.

Nesta pesquisa, foram considerados com insuficiência de vitamina D indivíduos com níveis abaixo de 30 ng/mL, e com deficiência as pessoas com níveis abaixo de 20 ng/mL.

A prevalência de insuficiência foi de 50,9%, e a de deficiência foi de 15,3%. Discriminando por cidade, a prevalência foi de 47,6% de insuficiência e 12,1% de deficiência em Salvador; 52,4% e 20,5% em São Paulo e 52,1% e 12,7% em Curitiba.

Um maior índice de massa corporal (IMC) e maior latitude foram preditores significativos de deficiência de vitamina D, enquanto a cor da pele (branca), tempos de exposição aos raios solares e uso atual de suplemento dietético foram protetores.

• A confusa ciência envolvendo os suplementos de vitamina D