Exame no papel
Testar a qualidade da água e fazer exames clínicos para identificação de microorganismos causadores de doenças agora pode ser tão simples quanto escrever com uma caneta sobre um pedaço de papel.
O pesquisador George Whitesides e seus colegas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, perceberam que os microcanais naturalmente presentes no interior do papel podem substituir os microcanais construídos com alta tecnologia nos biochips atuais.
A pesquisa contou com a participação do pesquisador Emanuel Carrilho, do Instituto de Química de São Carlos, da USP.
Laboratórios clínicos ao alcance de todos
Os microcanais são utilizados para que minúsculas quantidades do líquido a ser examinado - água, sangue, suor, urina etc. - possam entrar em contato com os reagentes corretos, na ordem adequada, dando os resultados do exame instantaneamente.
Já começam a surgir os primeiros biochips descartáveis mas, caso esses microlaboratórios possam ser mais baratos, eles poderão chegar justamente aos locais onde eles são mais necessários - às localidades remotas onde não há laboratórios clínicos ao alcance da população.
Microcanais naturais do papel
Esses microlaboratórios são conhecidos como biochips justamente por serem fabricados com a mesma tecnologia com que são feitos os chips de computador. Contudo, o que representa uma vantagem em termos de precisão, torna-se também o responsável pelo seu ainda elevado custo.
O Professor Whitesides percebeu que os microcanais, construídos por meio de fotolitografia ou com moldes de alta precisão, podem ser substituídos pelos canais internos naturalmente presentes no papel.
Tudo o que é necessário fazer é prover esses canais com paredes impermeáveis, para que os fluidos a serem examinados fiquem contidos em seu interior e fluam por capilaridade.
Eles conseguiram tornar impermeáveis as paredes dos microcanais do papel utilizando um polímero líquido que se endurece quando exposto à luz ultravioleta - esse polímero é tecnicamente conhecido como fotorresiste e é largamente usado pela indústria eletrônica.
Biochip de papel
Para construir o biochip de papel, os pesquisadores mergulharam uma folha de papel comum no fotorresiste, cobriram um dos lados com uma transparência e desenharam os microcanais no outro lado utilizando uma caneta.
Quando o papel foi exposto à luz do sol, o fotorresiste endureceu, exceto nos pontos onde a tinta da caneta impediu que os raios ultravioletas o atingissem. A transparência foi então removida e o papel lavado, para retirar excesso de polímero que ficou sob os canais desenhados.
O resultado é uma folha de papel impermeável contendo uma rede de microcanais permeáveis em seu interior, ou seja, um dispositivo microfluídico, com a mesma funcionalidade que os biochips ou microlaboratórios construídos com a mais alta tecnologia.
Precisão versus custo
Uma vez testado o conceito, os canais microfluídicos agora poderão ser impressos com impressoras a laser, fazendo os canais muito mais precisos do que é possível fazendo-os à mão.
"Os dispositivos microfluídicos de papel provavelmente não serão sensíveis o suficiente para detectar todas as doenças, mas eles são sensíveis o suficiente para a maioria das aplicações práticas," afirmou Andres Martinez, que também participou da pesquisa, à revista New Scientist.
Fonte: Biochip de papel barateará exames clínicos e análise da água
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