27/12/2018

A felicidade está realmente no seu interior?

Redação do Diário da Saúde
A felicidade está realmente no seu interior?
Cuidado em sua busca da felicidade: Se você gastar todo o seu tempo ganhando dinheiro, depois vai querer usar o dinheiro para comprar tempo.
[Imagem: CC0 Creative Commons/Pixabay]

Teoria das Atribuições Causais

Da psicologia ao campo espiritual e religioso, é largamente aceito que cada pessoa encontra a fonte da felicidade dentro de si mesma - e em nenhum outro lugar.

Para determinar se as pessoas realmente concordam com essa máxima, uma psicóloga russa e outra norte-americana realizaram uma pesquisa com 600 pessoas, a maioria estudantes, com idades entre 18 e 22 anos.

As duas pesquisadoras basearam seu trabalho na "Teoria das Atribuições Causais", de Bernard Weiner, que objetiva determinar a que causas uma pessoa atribui seus sucessos e fracassos.

Essa teoria postula que a atribuição causal pode ser classificada usando três dimensões diferentes.

Primeiro está o "locus de controle", que pode ser externo, quando uma pessoa atribui seu estado emocional a condições externas, ou pode ser interno, quando uma pessoa se vê como a causa do seu próprio sucesso ou fracasso.

Em segundo lugar está a "estabilidade ou instabilidade da causa ao longo do tempo". Existem certos fatores que são constantes - por exemplo, traços de personalidade, como preguiça, ou uma forte ética de trabalho. Há também condições que são instáveis ao longo do tempo, como ajuda externa ou excesso de zelo da própria pessoa.

A terceira dimensão é a capacidade de uma pessoa controlar uma situação. Por exemplo, um voo atrasado está fora do controle de uma pessoa, enquanto cozinhar sua comida está no seu âmbito de controle.

Além da atribuição, as pesquisadoras também consideraram o fenômeno do "viés de interesse próprio", que pré-condiciona as pessoas a atribuírem seus sucessos a si mesmas e falhas a fatores externos. Se um indivíduo teve uma entrevista de emprego bem-sucedida, ele atribui isso ao seu profissionalismo e ética de trabalho. Se a entrevista não foi bem-sucedida, é por causa da má vontade e falta de profissionalismo dos entrevistadores.

Eu me faço feliz; você me faz infeliz

O primeiro grupo, de 281 voluntários, tinha que se lembrar e descrever momentos de suas vidas quando se sentiram felizes ou infelizes.

Ficou claro a partir de suas respostas que eles explicavam seus momentos mais felizes usando o locus de controle, bem como fatores que eram estáveis ao longo do tempo e, em grande parte, sob seu controle. O oposto era verdadeiro para os momentos infelizes: Os participantes disseram que estes foram causados por fatores externos, fora de seu controle.

Os 169 indivíduos do segundo grupo tiveram que falar sobre sentimentos felizes ou infelizes provocados por seu relacionamento com alguém.

A felicidade está realmente no seu interior?
A cultura ocidental tende a assumir que aquilo que as pessoas fazem e o que acontece a elas está sob seu controle, com uma crença no livre arbítrio associada com a felicidade. Mas parece que nem sempre é assim.
[Imagem: Duncan Lilly/Wikimedia]

Os pesquisadores notaram uma clara falta do locus de controle interno ou externo. O fenômeno do viés de interesse próprio também não foi observado. Isso mostra que os respondentes reconheciam a importância do envolvimento da outra pessoa no relacionamento.

No terceiro grupo, de 142 indivíduos, os psicólogos inicialmente avaliaram o nível de bem-estar subjetivo e, alguns dias depois, pediram que explicassem a que atribuíam seus resultados. Além disso, alguns voluntários receberam informações falsas. Uma parte deles disse que seu nível de bem-estar subjetivo era muito alto, enquanto outros disseram que era médio ou baixo.

Os entrevistados cujo nível real de bem-estar subjetivo não correspondeu ao seu nível declarado disseram que isso foi o resultado de fatores situacionais externos. Aqueles cujo nível atual correspondia ao seu nível declarado não encontraram nada de surpreendente nisso, atribuindo seus resultados a fatores internos que são estáveis ao longo do tempo e sob seu controle.

Créditos e débitos da felicidade

Levando tudo em conta, os resultados mostraram que, apesar da crença popular de que cada pessoa detém a chave para a felicidade em suas próprias mãos, a maioria das pessoas apenas concorda com essa ideia se já estiver feliz.

Se alguém tem um nível mais baixo de bem-estar, é mais provável que culpe os fatores externos do que se responsabilize por isso.

Ou seja, as pesquisadoras não comprovaram que a felicidade vem ou não do próprio interior, mas que as pessoas tendem a creditar a felicidade a si mesmas, e debitar a infelicidade aos outros ou a fatores externos.

Os experimentos foram feitos por Ludmila Titova e Kennon M. Sheldon, na Escola Superior de Economia (Rússia) e da Universidade de Missouri-Colúmbia (EUA), que publicaram o estudo no The Journal of Positive Psychology.

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