Usar ou não usar anticoagulantes em cirurgias?
Como as cirurgias trazem consigo o risco de trombose venosa, os pacientes são frequentemente tratados com medicamentos anticoagulantes, para prevenir a trombose, que geralmente ocorre após a cirurgia.
O problema é que essa profilaxia anticoagulante aumenta o risco de hemorragias graves, algo que se deseja evitar a todo custo durante uma cirurgia.
Para tentar achar a melhor solução para encarar esse dilema, uma colaboração internacional de pesquisadores e médicos - o Grupo de Trabalho CLUE - decidiu fazer uma reavaliação de todos os estudos científicos já realizados sobre o assunto, a fim de melhor orientar os médicos sobre qual postura adotar para que o paciente possa ter os maiores benefícios e os menores riscos.
Profilaxia anticoagulante
A equipe fez duas revisões sistemáticas e meta-análises, abordando cirurgias de câncer e cirurgias para outras condições que não o câncer.
No primeiro caso, os resultados mostram que o risco de trombose pós-cirúrgica se mantém em um nível consistente durante as primeiras quatro semanas após a operação, enquanto as hemorragias graves ocorrem principalmente nos primeiros dias após a cirurgia, e raramente depois disso.
Assim, a recomendação é que, se o médico decidir administrar a profilaxia com anticoagulante, essa terapia deve ser mantida por quatro semanas, já que o período de máximo benefício líquido ocorre dentre alguns dias após a cirurgia até quatro semanas.
No segundo caso, envolvendo cirurgias para tratamentos que não envolvem câncer, o uso da tromboprofilaxia é justificada entre pacientes de alto risco submetidos à cirurgia de transplante renal, mas em muitas outras cirurgias, principalmente urológicas, o risco de trombose venosa é baixo e o benefício líquido é negativo - mais prejuízo do que benefício.
"Foi interessante ver que o risco de trombose permanece praticamente o mesmo ao longo das quatro semanas após a cirurgia, enquanto hemorragias graves ocorrem poucos dias após a cirurgia. Atualmente, a profilaxia anticoagulante é usada em demasia em muitos procedimentos em que o risco de tromboembolismo é baixo. Por outro lado, em muitos procedimentos de alto risco, a tromboprofilaxia é subutilizada, em particular porque a duração do tratamento é insuficientemente longa," disse o coordenador do estudo Kari Tikkinen, do Departamento de Urologia da Universidade de Helsinki (Finlândia).
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