Sensação de privação e compensação
Ter esperança no futuro pode proteger as pessoas contra comportamentos de risco, como beber demais e jogar.
Essa conclusão surgiu quando pesquisadores estudaram a chamada "privação relativa" - a sensação de que outras pessoas têm coisas melhores do que você na vida.
Ocorre que, ao se perceber destituído de algo, essa sensação pode levar as pessoas à compensação, a busca de uma "satisfação perdida" em outras coisas, que frequentemente acabam em vícios difíceis de extinguir.
O objetivo da equipe era justamente descobrir por que apenas algumas pessoas experimentam essa tendência para comportamentos escapistas e de risco, como beber álcool, usar drogas, comer demais ou jogar, enquanto outras não.
E eles descobriram que a resposta está na esperança.
Esperança na esperança
"Eu penso que a maioria das pessoas passou por uma privação relativa em algum momento de suas vidas. É aquele sentimento de estar infeliz com o seu destino, a crença de que sua situação é pior do que a das outras, de que outras pessoas estão se saindo melhor do que você.
"Roosevelt [Franklin Roosevelt, presidente dos EUA de 1933 a 1945] disse a famosa frase que 'A comparação é o ladrão da alegria'. É aquela sensação que você tem quando um amigo compra um carro novo, ou sua irmã se casa, ou um colega encontra um emprego melhor ou tem uma renda melhor.
"A privação relativa pode desencadear emoções negativas, como raiva e ressentimento, e tem sido associada a estratégias de enfrentamento inadequadas, como correr riscos, beber, usar drogas ou jogar.
"Mas nem todos que atingem pontuações altas quando se mede a privação relativa fazem essas escolhas de vida ruins. Queríamos descobrir por que algumas pessoas parecem lidar melhor, ou mesmo usar a experiência a seu favor para melhorar sua própria situação," contextualiza o pesquisador Shahriar Keshavarz, na Universidade de East Anglia (Reino Unido).
Esperança protetora
A conclusão um tanto inesperada foi que os voluntários que pontuaram alto em esperança eram muito menos propensos a correr riscos em comportamentos prejudiciais ou viciantes. Aqueles que não eram muito esperançosos tinham muito mais probabilidade de correr esses riscos.
Outro experimento mostrou que a esperança de fato ajuda as pessoas em questões concretas - o aumento da esperança foi associado a uma diminuição da probabilidade de perder o controle do comportamento no jogo, mesmo naqueles que experimentaram privação relativa.
"Curiosamente, nosso estudo não encontrou nenhuma relação significativa entre a esperança e a gravidade do [comportamento viciante] entre pessoas relativamente privilegiadas. Não sabemos por que isso acontece, mas pode ser que eles estejam jogando recreativamente ou sejam mais capazes de parar quando a diversão acaba," disse Keshavarz.
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