Tendências da pandemia
Os valores, atitudes e atividades das pessoas mudaram drasticamente durante a covid-19.
Pesquisadores das universidades da Califórnia de Los Angeles e de Harvard (EUA) analisaram como dois tipos de atividade na internet mudaram nos EUA 10 semanas antes e 10 semanas depois de 13 de março de 2020 - a data em que o governo declarou a covid-19 uma emergência nacional.
Uma dessas atividades foram as pesquisas no Google; a outra foi a formulação de mais de meio bilhão de palavras e frases postadas no Twitter, em blogs e fóruns na internet.
O levantamento mostrou que a pandemia inspirou um ressurgimento de valores voltados para a comunidade, com as pessoas pensando mais em apoiar umas às outras. O uso da palavra "ajuda" no Twitter aumentou 37% no período, enquanto o uso da palavra "compartilhar" aumentou 24%.
A pesquisa também revelou que o uso da palavra "sacrifício" mais do que dobrou no Twitter desde antes da pandemia até o período após 13 de março.
"A palavra sacrifício era um ausente completo na cultura dos EUA antes da covid," disse a professor Patricia Greenfield.
A mudança, escreveram os autores, significa que os norte-americanos passaram a dar mais valor ao bem-estar dos outros - mesmo que isso significasse colocar suas próprias vidas em risco. Um exemplo foi a disposição das pessoas em participar das grandes manifestações do movimento Vidas Negras Importam (Black Lives Matter), mesmo em meio à pandemia.
Preocupações com a morte e com pão
A atividade na internet também revelou um aumento dramático nas preocupações das pessoas com a mortalidade. Depois de 13 de março, quando o número de mortos começou a aumentar dramaticamente, a atividade de busca pela palavra "sobreviver" aumentou 47%, "cemitérios" em 41%, "enterrar" em 23% e por "morte" em 21%.
E, durante as 10 semanas após a declaração de emergência, houve 115% mais menções no Twitter à frase "medo da morte" do que nas 10 semanas anteriores.
Curiosamente, de todas as palavras que os pesquisadores analisaram, aquela cujo uso mais aumentou durante a pandemia foi "massa fermentada", uma vez que fazer pão se tornou um passatempo da moda conforme as pessoas passaram a ser instruídas a ficar em casa.
"Dado que o pão é considerado o alimento mais básico, o fato de os aumentos em 'massa fermentada' e 'assar pão' serem tão grandes nas pesquisas do Google e nas redes sociais sugere que o motivo de sobrevivência é um fator importante na mudança de valores e atividades durante a pandemia," disse Greenfield.
Influências duradouras nos mais jovens
Quanto tempo vão durar essas mudanças?
Greenfield acredita que as tendências comportamentais provavelmente serão revertidas à medida que a ameaça da covid-19 diminuir e as pessoas se sentirem mais prósperas e seguras. No entanto, com base nas consequências da grande recessão de 2007 a 2009, ela prevê que as mudanças serão mais duradouras para os adolescentes e para as pessoas na faixa dos 20 anos, cujos valores são mais propensos a serem moldados pela pandemia.
"Talvez isso signifique que a juventude de hoje vai, no futuro, criar um país mais afinado em compartilhar e ajudar os outros, ou apenas que assar pão sempre terá um lugar especial em nossos corações," acrescentou o professor Gabriel Evers, membro da equipe.
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