Efeito inverso
As lições e exemplos morais de inclusão inseridos em programas de TV infantis podem ser tiros que saem pela culatra.
Em dois experimentos separados, pesquisadores monitoraram mais de 100 crianças de 4 a 6 anos, de várias etnias e de áreas urbanas e rurais, nos Estados Unidos e na Holanda, enquanto elas assistiam a programas populares de televisão para crianças.
O que se viu foi que, em alguns casos, assistir a um programa de televisão influenciou positivamente o senso de justiça e de certo e errado da criança em questões como o roubo ou a violência interpessoal.
Contudo, ideias mais complexas, como a inclusão, se mostraram de difícil compreensão pelas crianças. Além disso, a nuance pode se inverter e produzir efeitos negativos, fazendo com que as crianças se comportem mal em suas próprias vidas porque não entendem as soluções diferenciadas apresentadas no programa.
Por essa razão, os pesquisadores recomendam que os programas infantis contenham inserções com explicações breves, mas explícitas, ou discussões sobre as lições morais apresentadas no programa, como a inclusão. Quando os pesquisadores experimentaram explicações inseridas, as respostas das crianças melhoraram.
"Apenas colocar 30 segundos de explicação no programa ajudou as crianças a entender quais eram as lições em um segmento de 12 minutos," reforçou o professor Drew Cingel, da Universidade da Califórnia em Davis (EUA).
Explicações claras da moral da história
As inserções desenvolvidas pelos pesquisadores para elucidar os programas foram simples, mas apresentavam mensagens literalmente - e não metaforicamente - o que induziu intenções pró-sociais e diminuiu a estigmatização de outras pessoas e personagens.
O professor Cingel explica que os mal-entendidos fazem sentido quando se considera que, em 12 minutos de conteúdo, as crianças frequentemente assistem nove minutos de comportamento excludente, ou um problema sendo apresentado com apenas três minutos ou menos de uma solução.
As soluções apresentadas, muitas vezes, não ressoam positivamente no espectador infantil. E, na maioria dos casos, os estudos mostram que o programa reforça ou sugere estereótipos e aumenta a estigmatização, em vez de educar as crianças a se comportarem de outra forma, especialmente quando viram o programa ao lado de outras crianças.
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