25/09/2024

Conselhos médicos para mudar o estilo de vida não funcionam

Redação do Diário da Saúde
Conselhos médicos para mudar o estilo de vida não funcionam
Dar conselhos de saúde parece não ter efeito nenhum.
[Imagem: Gerado por IA/DALL-E]

Conselho só para quem pede

Em um mundo repleto de médicos, terapeutas, aconselhadores e influenciadores de todos os tipos, o que não faltam são conselhos para que as pessoas melhorem sua saúde.

Isso chamou a atenção da Dra Minna Johansson, da Universidade de Gotemburgo (Alemanha), que reuniu sua equipe para tentar responder a uma pergunta muito simples: As pessoas seguem realmente esses conselhos? E esses conselhos realmente dão resultados?

Os pesquisadores não criticam o conteúdo de alguns conselhos fundamentais: Por exemplo, é bom que as pessoas percam peso, parem de fumar, tenham uma dieta melhor ou se exercitem mais. Mas há conselhos demais, e ninguém até agora havia checado se esses conselhos têm embasamento científico.

Além disso, não há evidências de que os pacientes realmente mudem seu estilo de vida após receberem esse aconselhamento dos profissionais de saúde.

"Há uma falta de pesquisas mostrando que aconselhar pacientes é eficaz. É provável que o conselho raramente ajude as pessoas," disse Johansson.

Conselhos médicos para mudar o estilo de vida não funcionam
Outro problema é que os conselhos de saúde são mal fundamentados cientificamente.
[Imagem: Gerado por IA/DALL-E]

Recomendações sem embasamento científico

A equipe começou analisando recomendações médicas do Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados (NICE) do Reino Unido. Esta organização está por trás de 379 conselhos, recomendações e intervenções que os profissionais de saúde devem dar aos pacientes, com o objetivo de mudar o estilo de vida desses pacientes para que eles melhorem seu estado geral de saúde.

Mas em apenas 3% dos casos foram documentados estudos científicos comprovando que o conselho tem efeitos positivos na prática. Outros 13% desses conselhos tinham alguma evidência, mas com baixa certeza.

Os pesquisadores também revisaram diretrizes adicionais de outras instituições influentes ao redor do mundo e descobriram que elas frequentemente superestimam o impacto positivo de cada conselho e raramente levam as desvantagens em consideração.

"Tentar melhorar a saúde pública dando conselhos sobre estilo de vida a uma pessoa de cada vez é caro e ineficaz. Os recursos provavelmente seriam melhor gastos em intervenções baseadas na comunidade, que tornam mais fácil para todos nós vivermos vidas saudáveis," concluiu Johansson, que também acredita que o aconselhamento de saúde pode aumentar a estigmatização para pessoas com, por exemplo, obesidade.

Evitar repetir os erros

Diante de conselhos tão pouco embasados, a equipe elaborou também uma nova diretriz para ajudar os formuladores de políticas e autores de diretrizes a considerar os prós e os contras de cada intervenção de forma estruturada, antes de decidir se devem ou não recomendá-la.

"A diretriz consiste em uma série de perguntas-chave, que mostram como avaliar adequadamente a probabilidade de que a intervenção no estilo de vida leve a efeitos positivos ou não," disse Victor Montori, membro da equipe.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Guidelines Recommending That Clinicians Advise Patients on Lifestyle Changes: A Popular but Questionable Approach to Improve Public Health
Autores: Minna Johansson, Amanda Niklasson, Loai Albarqouni, Karsten Juhl Jorgensen, Gordon Guyatt, Victor M. Montori
Publicação: Annals of Internal Medicine
DOI: 10.7326/ANNALS-24-002
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