12/12/2017

Anfíbio sul-americano pode ter chave para cura da cirrose

Redação do Diário da Saúde
Anfíbio sul-americano pode ter chave para cura da cirrose
As células hepáticas do pequeno anfíbio atuam de forma natural para evitar os danos ao fígado que caracterizam a cirrose.
[Imagem: Robson Campos Gutierre et al. - 10.1111/joa.12757]

Cura para a cirrose?

A função hepática única de um anfíbio sul-americano, o Siphonops annulatus, promete abrir o caminho na busca de uma cura para a devastadora cirrose hepática.

A descoberta foi feita por uma equipe da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), do Instituto Butantan e da Universidade de Surrey (Reino Unido).

A cirrose ocorre em resposta a um dano ao fígado. O alcoolismo crônico, a hepatite ou outras substâncias prejudiciais podem gerar uma resposta de autorreparação no fígado, representada principalmente por uma alta produção de colágeno e por uma cicatrização (fibrose). Conforme a cirrose evolui, as funções do fígado, como a desintoxicação e limpeza do sangue, entre outras, vão ficando cada vez mais difíceis, até colapsar totalmente.

De acordo com o Dr. Robson Gutierre, o anfíbio da América do Sul, parecido com uma pequena cobra, tem células do fígado muito exclusivas, conhecidas como melanomacrófagos, que conseguem remover e destruir colágeno como parte de sua função natural. Os melanomacrófagos também engolem naturalmente os basófilos - células sanguíneas -, ajudando a minimizar a inflamação indesejada e reduzindo a cicatriz que pode levar à cirrose.

Maravilhados com a natureza

Várias estratégias de tratamento para a cirrose foram testadas em todo o mundo, como atrasar ou remover o estímulo subjacente que faz com que as cicatrizes se formem. Outros tratamentos analisaram a degradação ou a remoção do colágeno, mas nenhum deu os resultados esperados.

Mas as células hepáticas do pequeno anfíbio parecem saber fazer tudo isso de forma natural.

"A função hepática deste anfíbio, o Siphonops annulatus, pode nos proporcionar uma oportunidade única para resolver uma das doenças mais devastadoras do fígado.

"Precisamos de pesquisas mais aprofundadas sobre como essa descoberta poderia ser traduzida para os seres humanos, mas ela tem o potencial de alterar a forma como vemos e como tratamos essa doença. Estamos constantemente maravilhados com a natureza, e essa espécie particular e bem pouco estudada de anfíbio pode nos ajudar a encontrar uma maneira de parar ou mesmo reverter a cirrose hepática," disse o pesquisador Augusto Coppi, membro da equipe.

Os resultados preliminares foram publicados na revista científica Journal of Anatomy.

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