27/01/2023

Neuroimagens revelam raízes dos transtornos psiquiátricos? Ainda não

Redação do Diário da Saúde
Neuroimagens revelam raízes dos transtornos psiquiátricos? Ainda não
Outra análise já havia mostrado que estudos que usam ressonância magnética funcional podem estar incorretos.
[Imagem: Dmitriy Gutarev/Pixabay]

Neuroimagem e sintoma

A tecnologia de neuroimagens, mostrando o que acontece no nosso cérebro, tem sido aclamada como uma grande promessa para ajudar os médicos a associar sintomas específicos de distúrbios de saúde mental a padrões anormais de atividade cerebral, fazendo uma ponte entre o psicológico e o fisiológico.

Mas estas promessas ainda estão longe de se tornarem realidade, garante uma equipe da renomada Universidade de Yale, nos EUA.

"A ideia é esquecer a classificação da doença por sintomas e encontrar causas biológicas subjacentes através das imagens cerebrais," contextualizou o professor Ilan Rotem, coordenador do estudo.

Para avaliar se esse é um procedimento que já pode chegar às clínicas, Rotem e seus alunos tentaram replicar os resultados de um estudo anterior de neuroimagem feito em pacientes de todos os EUA, no qual cientistas das universidades de Emory e Harvard vincularam grupos de atividade cerebral a uma variedade de sintomas apresentados por pacientes que chegaram aos departamentos de emergência após eventos traumáticos.

Especificamente, quando aqueles pesquisadores mediram a atividade cerebral dos pacientes durante a execução de tarefas simples - incluindo testes que analisam respostas a ameaças e recompensas - eles detectaram um grupo de atividade cerebral que mostrou alta reatividade a sinais de ameaça e recompensa. A conclusão daquela equipe é que os dados nas imagens permitiam prever sintomas mais graves de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) mais tarde.

Sinais sem significado

No entanto, quando a equipe do professor Rotem tentou replicar esses resultados em pacientes sobreviventes de traumas em Israel, os resultados não apareceram: Embora os diferentes grupos de atividade cerebral observados no estudo anterior tenham realmente aparecido nas imagens, não foi encontrada qualquer associação com sintomas de TEPT prospectivos.

A conclusão da equipe é que ainda há problemas a serem resolvidos antes que os médicos possam traduzir imagens do cérebro para transtornos psiquiátricos.

"Levamos cerca de 100 anos para chegar às classificações atuais de doenças mentais, mas só exploramos o refinamento de diagnósticos psiquiátricos usando biomarcadores nos últimos 10 anos. Ainda temos um longo caminho a percorrer," disse Rotem.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Evaluating the Evidence for Brain-Based Biotypes of Psychiatric Vulnerability in the Acute Aftermath of Trauma
Autores: Ziv Ben-Zion, Tobias R. Spiller, Jackob N. Keynan, Roee Admon, Ifat Levy, Israel Liberzon, Arieh Y. Shalev, Talma Hendler, Ilan Harpaz-Rotem
Publicação: American Journal of Psychiatry
DOI: 10.1176/appi.ajp.20220271
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