23/01/2024

Zumbido no ouvido é tratado com treinamento por aplicativo de celular

Redação do Diário da Saúde
Zumbido no ouvido é tratado com treinamento por aplicativo de celular
Telas do MindEar.
[Imagem: MindEar/Divulgação]

Tratamento para zumbido no ouvido

O zumbido no ouvido, também conhecido como tinnitus, é uma condição irritante, mas que também pode ter um impacto debilitante. De etiologia difícil de ser definida, seu tratamento nem sempre é eficaz - hoje, o tratamento com laser é o mais eficaz contra zumbido de ouvido.

A boa notícia é que o incômodo zumbido pode ser efetivamente reduzido em apenas algumas semanas por meio de um curso de treinamento e uma terapia de som, ministrados por meio de um aplicativo para celular.

O tratamento foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Austrália, Bélgica, França e Nova Zelândia. O ensaio inicial envolveu 30 pacientes, dos quais quase dois terços experimentaram uma "melhora clinicamente significativa". A equipe está agora planejando ensaios maiores no Reino Unido, em colaboração com o Hospital do Colégio Universitário de Londres.

A equipe afirma que a terapia oferece esperança a milhões de pessoas afetadas pelo zumbido que, sobretudo às quais foi dito que não há nada que se possa fazer a respeito, que enfrentam longas filas de espera por tratamento ou que não podem arcar com os custos de suporte especializado.

"Um dos equívocos mais comuns sobre o zumbido é que não há nada que você possa fazer a respeito; que você apenas tem que conviver com isso. Isso simplesmente não é verdade. A ajuda profissional de pessoas com experiência em suporte ao zumbido pode reduzir o medo e a ansiedade ligados à experiência sonora dos pacientes," disse o Dr. Fabrice Bardy, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia).

Como surge o zumbido no ouvido

Mesmo antes de nascermos, nossos cérebros aprendem a filtrar sons que consideramos irrelevantes, como o som surpreendentemente alto do sangue passando pelos nossos ouvidos. À medida que crescemos, nossos cérebros aprendem ainda mais a filtrar ruídos ambientais, como uma rua movimentada, um ar condicionado ou parceiros dormindo.

A maioria dos alarmes, como os dos detectores de fumaça, contornam esse filtro e acionam uma sensação de alerta nas pessoas, mesmo se estiverem dormindo. Isso estimula a resposta de lutar ou fugir e é especialmente forte para sons que associamos a experiências anteriores ruins.

Ao contrário de um alarme, o zumbido ocorre quando uma pessoa ouve um som na cabeça ou nos ouvidos mesmo quando não há fonte sonora externa ou risco apresentado no ambiente e, ainda assim, a mente responde com uma resposta de alerta semelhante.

O som é percebido como um ruído desagradável, irritante ou intrusivo, que não pode ser desligado. O cérebro se concentra nisso com insistência, treinando ainda mais nossa mente para prestar ainda mais atenção, mesmo que não haja risco. Isso oferece o caminho para os pacientes. Ao treinar e dar menos atenção ao zumbido, acaba sendo mais fácil desligá-lo.

Como a nova terapia funciona

A nova terapia, batizada de MindEar, tem como objetivo ajudar as pessoas a praticarem o foco através de um programa de treinamento, equipando a mente e o corpo para suprimir os hormônios e as respostas ao estresse e, assim, reduzindo o foco do cérebro no zumbido.

O zumbido não é uma doença em si, mas geralmente é um sintoma de outro problema de saúde subjacente, como danos ao sistema auditivo ou tensões que ocorrem na cabeça e no pescoço.

Embora não haja cura conhecida para o zumbido, existem estratégias e técnicas de manejo que ajudam muitos pacientes a encontrar alívio. A grande vantagem do MindEar está em "empacotar" essas estratégias já consagradas em um aplicativo de celular, dispensando a cara e por vezes inacessível assistência de um psicólogo treinado na aplicação da terapia cognitivo-comportamental.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Delivery of internet-based cognitive behavioral therapy combined with human-delivered telepsychology in tinnitus sufferers through a chatbot-based mobile app
Autores: Fabrice Bardy, Laure Jacquemin, Cara L. Wong, Michael R. D. Maslin, Suzanne C. Purdy, Hung Thai-Van
Publicação: Frontiers in Audiology and Otology
DOI: 10.3389/fauot.2023.1302215
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