16/09/2016

Vacina contra dengue pode fazer mais mal que bem em alguns locais

Redação do Diário da Saúde

Vacina polêmica

A primeira vacina contra a dengue, aprovada recentemente pelas autoridades de saúde, pode na verdade aumentar a incidência de infecções de dengue que necessitem de hospitalização, em vez de prevenir a doença, se as autoridades de saúde não forem cuidadosas sobre quem e onde vacinar.

O alerta foi emitido em um artigo publicado na revista Science por uma equipe de pesquisadores das universidades Johns Hopkins (EUA), Imperial College (Reino Unido) e Flórida (EUA).

A vacina, fabricada pela empresa Sanofi-Pasteur, já foi licenciada em pelo menos seis países, incluindo o Brasil, e vários outros estão estudando como utilizá-la.

Pouca eficácia ou piora

Os pesquisadores tiveram acesso pela primeira vez aos dados sobre os ensaios clínicos da vacina contra a dengue realizados em 10 países, incluindo mais de 30.000 participantes, bem como dados de longo prazo do seguimento desses participantes.

Usando esses dados, a equipe desenvolveu modelos matemáticos para entender como uma campanha de vacinação afeta as pessoas nos países onde a transmissão da doença é alta, moderada ou baixa.

Eles descobriram que, enquanto a vacina pode reduzir de 20 a 30% a doença e a hospitalização em lugares onde há alta transmissão de dengue, ela pode na verdade aumentar significativamente a doença e a hospitalização se usada em locais onde há menor transmissão do vírus.

Mesmo quando tem eficácia, o benefício calculado pelos pesquisadores está bem abaixo dos 60% anunciados pelo fabricante.

"Se a vacina for usada corretamente, muitas pessoas poderiam ser poupadas da doença e da hospitalização por dengue. Mas devemos ter certeza de que só vamos usá-la em locais onde os nossos dados sugerem que ela vai fazer mais bem do que mal," alerta a Dra Isabel Rodriguez Barraquer, uma das coordenadoras do estudo.

Alerta da OMS

O laboratório fabricante da vacina, que deve ser aplicada em três doses, reconheceu que sua vacina não funciona bem em pessoas que não tenham tido uma infecção por dengue antes da vacinação, dizem os pesquisadores.

A vacina não é indicada para uso em crianças com menos de nove anos de idade justamente porque, segundo as estatísticas, elas são menos propensas a terem sido expostas à dengue previamente.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmando se basear em parte nestes novos dados, emitiu uma recomendação de que a vacina contra a dengue da Sanofi-Pasteur seja usada somente em áreas onde exista uma elevada carga conhecida da doença.

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