02/10/2023

Conheça o Transtorno Dissociativo de Identidade

Com informações do Jornal da USP
O que é Transtorno Dissociativo de Identidade?
O transtorno dissociativo de identidade não tem cura, mas a psicoterapia e alguns medicamentos conseguem ajudar no tratamento.
[Imagem: Freepik]

Transtorno dissociativo de identidade

A dissociação é um conjunto de experiências que levam o indivíduo a se distanciar da realidade, um fenômeno que abarca inúmeros transtornos mentais.

Um deles é o transtorno dissociativo de identidade (TDI), uma doença rara que acomete apenas 1,5% da população. Ela é classificada dentro dos transtornos transformamentais, porque leva o indivíduo a mudar seu funcionamento.

Uma das questões centrais do TDI está na perda de memória dos pacientes, que têm suas atividades práticas prejudicadas. "Quando a pessoa se associa a uma nova identidade, ela tem dificuldade de memória, tem prejuízo de memória até das atividades que ela tinha que fazer. Então, ela pode esquecer determinadas atividades. Uma nova personalidade pode vir com habilidades distintas da anterior, e isso prejudica o andamento do dia a dia dela, relacionamentos, tudo isso," explica o professor Antônio de Pádua, do Instituto de Psicologia da USP.

Uma das causas do TDI está associada à ocorrência de alguma experiência traumática, principalmente a históricos de violência física e abuso. Traumas são questões complexas na psicologia, porque o desenvolvimento de alguma doença depende de como esses indivíduos vivenciam determinadas situações. No caso do TDI, por exemplo, não são todas as pessoas que, ao passar por um quadro de estresse ou de violência - na infância, principalmente - desenvolverão a doença. É necessária a conjunção de uma série de fatores e predisposições no indivíduo e em sua vivência para que isso aconteça.

É por isso que alguns especialistas nem mesmo identificam a questão do trauma como um estopim para o desenvolvimento da doença. Porém, mesmo que não haja consenso sobre o que gera o transtorno dissociativo de identidade, existe uma concordância sobre a ideia de o indivíduo passar por um sofrimento e o desejo de fuga daquela situação.

Troca de personalidade

A manifestação das personalidades não segue um padrão e não acontece de forma igual com todos os acometidos pela doença. "Tem duas formas de essas personalidades aparecerem: Uma dominando as outras e a mesma pessoa não sabe disso - não tem controle e as personalidades se conhecem -, como pode ser de uma maneira em que há uma inconsciência, de certa maneira, quando tem uma predominando e as outras não sabem," explica a professora Leila Tardivo.

Dependendo do grau em que as trocas de personalidade acontecem, os indivíduos acometidos pela doença conseguem percebê-la. Além disso, é possível perder o controle total das personalidades, se não houver uma intervenção psicológica e psiquiátrica. De maneira geral, as pessoas manifestam novas características de funcionamento associadas ao gênero biológico. Porém, é possível que os indivíduos assumam características do gênero oposto.

Diagnóstico e cuidados

O transtorno dissociativo de identidade não tem cura, mas a psicoterapia e alguns medicamentos - dependendo do grau da doença - conseguem ajudar no tratamento.

"A terapia é muito importante, assim como um diagnóstico. Então, bons profissionais - psiquiatras, psicólogos - precisam estar muito cientes das queixas para avaliar esses aspectos e dar um segmento nesse tratamento," disse o professor Antônio Pádua, acrescentando que a medicação às vezes é necessária porque o indivíduo percebe essas mudanças, e esse fluxo gera sofrimento. Então, o transtorno pode vir acompanhado de crise de ansiedade, depressão, e as medicações vão ser mais voltadas para a redução desse quadro.

Contudo, é difícil realizar um diagnóstico preciso porque a condição pode ser confundida com outras doenças que apresentam transições de personalidade, e também porque o próprio indivíduo pode não entender o que está acontecendo. "Muitas vezes, a própria pessoa demora a perceber se ela sente uma estranheza e isso pode começar na infância ou na adolescência. Entende-se que, muitas vezes, as crianças têm fantasias; porém, na fase adulta, essas condições começam a se identificar, como mudanças bruscas no funcionamento daquela pessoa e mudanças de atitude," finalizou Antônio Pádua.

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