20/09/2017

Neurônio mestre pode ser capaz de quebrar hábitos e vícios

Redação do Diário da Saúde
Neurônio mestre pode ser capaz de quebrar hábitos e vícios
Microscopia altamente ampliada do estriado mostrando em roxo o neurônio mestre, que os cientistas acreditam controlar nossos hábitos e vícios.
[Imagem: Justin O Hare/Duke University]

Neurônio mestre

Neurocientistas da Universidade Duke (EUA) afirmam ter identificado um único tipo de neurônio no cérebro que serve como um "controlador mestre" dos nossos hábitos.

Eles afirmam que a formação de um hábito aumenta a atividade dessa célula, e que desativá-la é suficiente para quebrar hábitos inúteis - ao menos em camundongos viciados em açúcar.

Se puder ser confirmado por outros pesquisadores, isto pode abrir o caminho para novos tratamentos para os vícios e para os comportamentos compulsivos em seres humanos.

Embora raro, os cientistas dizem que esse "neurônio mestre" exerce seu controle através de uma rede de conexões com neurônios mais numerosos e associados com o comportamento associado a hábitos arraigados.

"Esta é uma célula relativamente rara, mas que está muito fortemente conectada aos principais neurônios que transmitem a mensagem de saída para esta região do cérebro," disse a professora Nicole Calakos, coordenadora da pesquisa. "Descobrimos que esta célula é um controlador mestre do comportamento habitual, e parece que ela faz isto re-orquestando a mensagem enviada pelos neurônios de saída."

Neurônio dos hábitos e vícios

O pesquisador Justin O'Hare, membro da equipe, treinou animais de laboratório saudáveis para receber um alimento saboroso sempre que pressionavam uma alavanca. Vários deles desenvolveram o hábito de pressionar a alavanca mesmo quando ela deixou de liberar o alimento e mesmo depois de terem tido a oportunidade de comer a quantidade que quisessem daquele alimento.

A equipe então comparou a atividade cerebral dos camundongos que desenvolveram o hábito com aqueles que haviam deixado de se preocupar com a alavanca depois que ela deixou de cumprir sua função. Isto os levou a uma área profunda do cérebro chamada corpo estriado, que contém dois conjuntos de caminhos neurais: uma via "iniciar" (via direta), que incita uma ação, e uma via "pare" (via indireta), que inibe a ação.

As duas vias mostraram--se mais fortes nos ratos com hábito. A formação do hábito também mudou a temporização relativa das duas rotas, fazendo a via "iniciar" disparar antes da via "parar", levando à ação habitual.

Os pesquisadores encontraram a explicação para esse comportamento em um único tipo de neurônio raro no estriado, chamado interneurônio de disparo rápido (FSI: fast-spiking interneuron), que serve como um comando mestre para as mudanças generalizadas na atividade dos neurônios de saída.

"Alguns comportamentos nocivos, como a compulsão e o vício em seres humanos, podem envolver a corrupção dos mecanismos de aprendizagem de hábitos, normalmente adaptativos," comentou a professora Calakos. "Compreender os mecanismos neurológicos subjacentes aos nossos hábitos pode inspirar novas maneiras de tratar essas condições."

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