22/08/2022

Nervos artificiais trazem esperança para pessoas com lesões na coluna

Redação do Diário da Saúde
Nervos artificiais trazem esperança para pessoas com lesões na coluna
Camundongo com comprometimento da medula espinhal (esquerda) recupera função motora com nervos artificiais extensíveis (direita).
[Imagem: Seoul National university]

Nervos artificiais orgânicos

Uma equipe da Coreia do Sul e dos EUA conseguiu recuperar os movimentos musculares em animais de laboratório paralisados por uma lesão na coluna que tipicamente leva à tetraplegia.

Para isso, Yeongjun Lee e seus colegas usaram nervos artificiais orgânicos.

Nossos nervos podem ser danificados por várias causas, como lesões físicas, causas genéticas, complicações secundárias e envelhecimento. Além disso, uma vez que os nervos são danificados, é difícil reconstruí-los, com algumas ou todas as suas funções corporais sendo permanentemente perdidas devido à má biossinalização.

Já foram feitas várias tentativas para tratar nervos danificados, de métodos cirúrgicos a medicamentos, mas as funções nervosas danificadas ou degeneradas até hoje permanecem quase impossíveis de serem recuperadas.

Por exemplo, a Estimulação Elétrica Funcional, que atualmente é utilizada ativamente na prática clínica, utiliza sinais controlados por computador, o que torna a técnica inadequada para uso a longo prazo na vida diária do paciente porque exige grandes aparelhos e computadores complexos.

Para resolver o problema, Lee e seus colegas apostaram no uso apenas de nervos artificiais para prover a estimulação. Em lugar do computador externo complexo e volumoso, eles conseguiram controlar o movimento das pernas de camundongos usando apenas um dispositivo neuromórfico (que imita o sistema nervoso), feito de nanofios orgânicos de baixa potência, para emula a estrutura e a função das fibras nervosas naturais.

O nervo artificial elástico consiste em um sensor de tensão que simula um proprioceptor (o sensor natural que detecta movimentos musculares), uma sinapse artificial orgânica, que simula uma sinapse biológica, e um eletrodo de hidrogel, para transmitir sinais aos músculos da perna.

Melhor que estimulação elétrica funcional

Os pesquisadores ajustaram o movimento das pernas do camundongo e a força de contração dos músculos ajustando a frequência de disparo do potencial de ação da sinapse artificial, um princípio semelhante ao do nervo biológico. Além de mais simples, a sinapse artificial gerou movimentos das pernas mais suaves e naturais do que a Estimulação Elétrica Funcional e seus grandes aparelhos.

A equipe conseguiu que um camundongo anteriormente paralisado chutasse uma bola, andasse e corresse na esteira. Além disso, demonstrou a aplicabilidade dos nervos artificiais para o movimento voluntário gravando sinais do córtex motor de animais saudáveis em movimento e então disparando esses sinais nas pernas de camundongos paralisados, fazendo-os moverem-se.

"Embora ainda esteja nos primeiros estágios, esta pesquisa fornece um novo avanço na superação de danos nos nervos por meio de bioengenharia, usando tecnologia neuromórfica, e não de maneira biomédica," disse o professor Tae-Woo Lee, da Universidade Nacional de Seul. "Uma abordagem de engenharia para superar danos nos nervos abrirá um novo caminho para melhorar a qualidade de vida daqueles que sofrem de doenças e distúrbios relacionados."

Checagem com artigo científico:

Artigo: A low-power stretchable neuromorphic nerve with proprioceptive feedback
Autores: Yeongjun Lee, Yuxin Liu, Dae-Gyo Seo, Jin Young Oh, Yeongin Kim, Jinxing Li, Jiheong Kang, Jaemin Kim, Jaewan Mun, Amir M. Foudeh, Zhenan Bao, Tae-Woo Lee
Publicação: Nature Biomedical Engineering
DOI: 10.1038/s41551-022-00918-x
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