08/05/2023

Idade biológica aumenta com estresse, mas volta ao normal após recuperação

Redação do Diário da Saúde
Idade biológica aumenta com estresse, mas volta ao normal após recuperação
É tão simples quanto esse gráfico: Livre-se do estresse e sua idade biológica volta ao normal.
[Imagem: Jesse R. Poganik et al. - 10.1016/j.cmet.2023.03.015]

Estresse e idade biológica

Que o estresse "mata aos poucos", reduzindo a expectativa de vida, é algo que já se demonstrou tanto em experimentos com animais quanto em observações nos seres humanos.

O que não se sabia é que o aumento da idade biológica é rapidamente revertido quando o indivíduo se recupera do estresse.

Isso é inesperado porque os cientistas sempre consideraram que a idade biológica dos organismos aumenta constantemente ao longo da vida. Em vez disso, os novos resultados mostram que a idade biológica não está diretamente conectada à idade cronológica.

"Esta descoberta de uma idade biológica fluida, flutuante e maleável desafia a concepção de longa data de uma trajetória ascendente unidirecional da idade biológica ao longo do curso da vida," disse o professor James White, da Universidade Duke (EUA). "Relatos anteriores sugeriram a possibilidade de flutuações de curto prazo na idade biológica, mas a questão de saber se tais mudanças são reversíveis, até agora, permaneceu inexplorada. Criticamente, os gatilhos de tais mudanças também eram desconhecidos."

Para resolver essa lacuna de conhecimento, os pesquisadores se valeram dos "relógios de metilação do DNA", que se baseiam na observação de que os níveis de metilação de vários locais em todo o genoma mudam previsivelmente ao longo da idade cronológica.

Eles mediram as mudanças na idade biológica em humanos e camundongos em resposta a vários estímulos estressantes. Em um conjunto de experimentos, os pesquisadores foram ao extremo do estresse, anexando cirurgicamente pares de camundongos com 3 e 20 meses de idade em um procedimento conhecido como parabiose heterocrônica.

Os resultados revelaram que a idade biológica pode aumentar em períodos de tempo relativamente curtos em resposta ao estresse, mas esse aumento é transitório e tende a retornar à linha de base após a recuperação do estresse. Nos níveis epigenético, transcriptômico e metabolômico, a idade biológica dos camundongos jovens foi aumentada pela parabiose heterocrônica e restaurada após o descolamento cirúrgico.

Idade biológica aumenta com estresse, mas volta ao normal após recuperação
Você sabia que estresse e ansiedade não são sempre ruins?
[Imagem: Gerd Altmann/Pixabay]

Restauração da idade biológica

"A reversibilidade de tais alterações, como observamos, nunca havia sido relatada. A partir deste insight inicial, levantamos a hipótese de que outras situações que ocorrem naturalmente também podem desencadear mudanças reversíveis na idade biológica," disse o pesquisador Jesse Poganik.

Conforme previsto, mudanças transitórias na idade biológica também ocorreram durante cirurgias de grande porte, gravidez e covid-19 grave em humanos ou em camundongos. Por exemplo, pacientes com trauma experimentaram um forte e rápido aumento na idade biológica após uma cirurgia de emergência. No entanto, esse aumento foi revertido e a idade biológica foi restaurada à linha de base nos dias seguintes à cirurgia.

Da mesma forma, mulheres grávidas tiveram recuperação pós-parto da idade biológica em taxas e magnitudes variadas, e um medicamento imunossupressor chamado tocilizumabe melhorou a recuperação da idade biológica de pacientes convalescentes com covid-19.

"Essa noção sugere imediatamente que a mortalidade pode ser diminuída pela redução da idade biológica e que a capacidade de se recuperar do estresse pode ser um importante determinante do envelhecimento e longevidade bem-sucedidos. Finalmente, a idade biológica pode ser um parâmetro útil na avaliação do estresse fisiológico e seu alívio," concluiu o professor Vladim Gladyshev, coordenador da pesquisa.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Biological age is increased by stress and restored upon recovery
Autores: Jesse R. Poganik, Bohan Zhang, Gurpreet S. Baht, Alexander Tyshkovskiy, Amy Deik, Csaba Kerepesi, Sun Hee Yim, Ake T. Lu, Amin Haghani, Tong Gong, Anna M. Hedman, Ellika Andolf, Goran Pershagen, Catarina Almqvist, Clary B. Clish, Steve Horvath, James P. White, Vadim N. Gladyshev
Publicação: Cell Metabolism
DOI: 10.1016/j.cmet.2023.03.015
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