30/03/2023

Escovas de dentes vendidas no Brasil estão largamente fora dos padrões legais

Com informações do Jornal da USP
Escovas de dentes vendidas no Brasil estão fora dos padrões exigidos por lei
O que a norma exige (esquerda) e o que você compra hoje no Brasil (direita).
[Imagem: Sônia Pestana]

Normas para escovas de dentes

Macia, com cabo reto e achatado, cabeça compatível com a idade do usuário, 18 tufos com 80 cerdas em cada um e 1.440 cerdas no total.

Estes são os requisitos básicos para que uma escova de dentes manual cumpra o seu papel de garantir uma boa escovação sem causar danos aos tecidos da boca.

A conclusão é de pesquisadores da USP, que analisaram 345 modelos do produto. O objetivo era identificar e analisar as normas e exigências técnicas para a produção e comercialização das escovas de dentes, de modo que o consumidor tenha acesso a um produto seguro, sem prejuízos à saúde e com características macro e microscópicas adequadas ao uso.

Nas análises gerais, em que foram examinados o formato do cabo e o da cabeça, mais de 70% das escovas foram consideradas adequadas ao uso. Contudo, em relação ao número total de cerdas, 63,5% delas estavam inadequadas.

Mas a grande surpresa veio das observações microscópicas. Quando as pontas das cerdas e ausência de dilaceramentos foram avaliadas, 82% dos produtos foram reprovados.

"A ponta tem que ser arredondada, não tem desconto para isso, e o que a gente enxergou foram cerdas dilaceradas," contou a professora Sônia Pestana.

Escovas de dentes vendidas no Brasil estão fora dos padrões exigidos por lei
Exigências legais para as escovas de dentes.
[Imagem: Sônia Pestana]

Melhores normas e mais fiscalização

Como a escova de dentes é um item utilizado em praticamente todo o mundo, o senso comum é que este é um instrumento que incorpora tecnologia segura, boas práticas industriais e que, portanto, os produtos à venda são seguros para uso humano.

"Assim, encontrar que mais de 82% dos modelos não atendem aos requisitos básicos - incluindo aqueles produzidos por marcas reconhecidas no mercado como sinônimo de qualidade - foi um resultado surpreendentemente muito negativo," disse o professor Paulo Capel Narvai.

Segundo a equipe, estes resultados indicam fragilidade nos procedimentos regulatórios vigentes no País, além de implicar riscos para a saúde da população. "Temos um problema grave de saúde pública. Se existem normas, ou elas não são cumpridas, ou são frágeis. Cabe aos órgãos governamentais tomarem providências," disse Sônia.

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