09/02/2023

Enxertos de pele produzidos por bioengenharia encaixam-se como uma luva

Redação do Diário da Saúde
Enxertos de pele produzidos por bioengenharia encaixam-se como uma luva
Criando uma "luva" de pele engenheirada para enxerto cirúrgico.
[Imagem: Alberto Pappalardo/Hasan Abaci/Columbia University]

Enxerto de pele

Se você já tentou embrulhar para presente um objeto de formato estranho, como um ursinho de pelúcia, já teve ideia da dificuldade que os cirurgiões enfrentam ao enxertar pele artificial em uma parte do corpo ferida.

Assim como o papel de embrulho, a pele engenheirada vem em pedaços planos, que podem ser difíceis de costurar em torno de uma parte do corpo de forma irregular.

Bioengenheiros da Universidade de Colúmbia (EUA) parecem ter resolvido esse problema criando uma maneira de cultivar pele artificial em formas tridimensionais complexas.

Com a nova técnica torna-se possível construir, por exemplo, uma "luva" sem costura, feita inteiramente de células da pele, que pode ser colocada e perfeitamente ajustada em uma mão gravemente queimada.

Os primeiros testes também revelaram que os enxertos 3D contínuos têm melhores propriedades mecânicas e funcionais do que os enxertos convencionais em pedaços.

Luva de pele

O processo de criação dos novos enxertos de pele começa com uma varredura a laser 3D da estrutura que receberá a pele, como uma mão humana. Em seguida, um modelo oco e permeável da mão é criado usando um programa de desenho auxiliado por computador e uma impressora 3D.

O exterior do modelo é então semeado com fibroblastos da pele, que geram o tecido conjuntivo da pele, e colágeno, uma proteína estrutural. Finalmente, o exterior do molde é revestido com uma mistura de queratinócitos (células que compreendem a maior parte da camada externa da pele, ou epiderme) e o interior é perfundido com meios de crescimento, que sustentam e nutrem o enxerto em desenvolvimento.

Com exceção do suporte 3D, os pesquisadores empregaram os mesmos procedimentos usados para fazer os enxertos de pele planos atuais, e todo o processo levou o mesmo tempo, cerca de três semanas.

Em um primeiro teste da pele projetada em 3D, construções compostas de células da pele humana foram enxertadas com sucesso nos membros posteriores de camundongos. "Foi como colocar um par de bermudas nos camundongos," disse o professor Hasan Abaci. "Toda a cirurgia levou cerca de 10 minutos." Quatro semanas depois, os enxertos se integraram completamente à pele circundante do animal, que readquiriu todas as funções do membro.

Mas a pele dos camundongos cicatriza de maneira diferente da pele humana, então os pesquisadores planejam testar os enxertos em animais maiores, com biologia da pele que se aproxima mais da dos humanos. Só então será possível começar a projetar os ensaios clínicos em pacientes humanos.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Engineering Edgeless Human Skin with Enhanced Biomechanical Properties
Autores: Alberto Pappalardo, David Alvarez Cespedes, Shuyang Fang, Abigail R. Herschman, Eun Young Jeon, Kristin M. Myers, Jeffrey W. Kysar, Hasan Erbil Abaci
Publicação: Science Advances
Vol.: 9, Issue 4
DOI: 10.1126/sciadv.ade2514
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