15/12/2022

Como você se sente em relação às mudanças climáticas?

Redação do Diário da Saúde
Como devemos nos sentir sobre as mudanças climáticas?
Será que suas emoções climáticas são razoáveis ou estão exageradas em alguma direção?
[Imagem: Enrique/Pixabay]

Emoções climáticas

Você sabe como "deveria se sentir" em relação às mudanças climáticas?

Devemos começar a nos preocupar em viajar de avião? Precisamos checar se os alimentos que estamos comprando estão vindo de áreas desmatadas da floresta? Sentir ansiedade é uma reação exagerada ou uma resposta racional à atual crise climática?

Ainda que esses assuntos não estejam na sua agenda, o debate em torno das emoções climáticas também está-se tornando acalorado. Segundo alguns especialistas, certas emoções são apropriadas, mas algumas são claramente inadequadas.

A professora Júlia Mosquera e sua colega Kirsti Jylha, pesquisadoras de filosofia e psicologia do Instituto para Estudos sobre o Futuro (Suécia), chamam esse processo de criação e negociação de novas normas sobre como sentir-se como a "normatização das emoções climáticas".

Mas, destacam elas, esse processo pode dar errado se se tornar uma busca simplista pela "única" emoção correta. De acordo com as duas pesquisadoras, todos nos beneficiaríamos ao perceber que existem muitas emoções válidas e, para entender seu papel, deveríamos nos familiarizar mais com alguns critérios de avaliação.

O que é válido sentir

O que é apropriado sentir varia, por exemplo, entre indivíduos e contextos. Portanto, não existe uma emoção "correta" universal.

A recomendação das duas pesquisadoras é fugir do foco estreito sobretudo no debate público, que vez por outra centra-se em divergências emocionais e visões simplistas sobre como as pessoas devem se sentir em relação às mudanças climáticas.

"Por exemplo, as pessoas podem começar a desconfiar das motivações umas das outras para agir e, assim, abster-se de agir coletivamente na crise climática," exemplifica Jylha.

Isso não significa que cada emoção não possa ser avaliada. É o que as duas pesquisadoras se propuseram a fazer, avaliando várias emoções climáticas usando critérios da filosofia e da psicologia que podem ajudar a entender as próprias emoções e as dos outros.

"No nível individual, as pessoas também experimentam o que chamamos de 'dilemas emocionais'. Por exemplo, eu posso aproveitar um dia quente de verão ou devo me preocupar com o que está causando o calor? Ambas as reações podem ser racionais, já que envolvem emoções que são direcionadas para diferentes aspectos da mudança climática. A mudança climática é um fenômeno complexo com muitos aspectos, que podem provocar diferentes reações," disse Júlia.

Dicas sobre emoções climáticas

As duas pesquisadoras dão algumas dicas sobre emoções frente aos problemas climáticos, na forma de perguntas que cada um pode fazer a si mesmo.

A que você está reagindo?

Comece identificando a qual aspecto da mudança climática você está reagindo. É o medo sobre a segurança pessoal? É a injustiça na distribuição dos efeitos climáticos? É a inação dos políticos? Ou a sensação de que não há nada que você possa fazer para influenciar a crise?

O sentimento é racional?

Depois de identificar a que está reagindo, pergunte-se se o sentimento corresponde à situação e aos fatos relevantes. O problema é tão ruim quanto você pensa? É verdade que nada está sendo feito ou que você não pode tomar ações relevantes? As mudanças que você espera são realistas?

Quais são os efeitos da sua emoção?

Pense nas consequências que a emoção terá para você e para os outros: Ela faz os outros se sentirem de maneiras desejáveis? Isso o motiva a tomar as ações apropriadas? Isso causa uma quantidade desproporcional de sofrimento para você? Ou, pior, faz você se considerar um super-herói que seria responsável por mudar o mundo inteiro?

Checagem com artigo científico:

Artigo: How to feel about climate change? An analysis of the normativity of climate emotios
Autores: Julia Mosquera, Kirsti M. Jylhä
Publicação: International Journal of Philosophical Studies
Vol.: 30, 2022 - issue 3
DOI: 10.1080/09672559.2022.2125150
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