13/09/2022

Células do câncer são mortas por sufocamento

Redação do Diário da Saúde
Células do câncer são mortas por sufocamento
Devido às condições de uma célula cancerosa, as moléculas - desenhadas aqui em verde claro - podem se unir para formar longos "cabelos", que então interrompem a conversão de oxigênio em energia, que a célula precisa para crescer. Resultado: a célula cancerosa morre.
[Imagem: Max Planck Institute for Polymer Research]

Células sufocadas

O tratamento do câncer é um processo de longo prazo porque células cancerígenas vivas geralmente evoluem para formas agressivas, espalham-se pelo corpo e se tornam intratáveis.

Essas células têm uma altíssima capacidade de adaptação, sendo capazes de desenvolver mecanismos para evitar os efeitos do tratamento. Isso exige quimioterapias cada vez mais fortes, com inúmeros efeitos colaterais graves, sem garantia de que o câncer será totalmente exterminado.

Agora, cientistas tiveram uma ideia para uma nova abordagem de tratamento: Eles querem literalmente sufocar as células cancerígenas.

"Queremos evitar essa adaptação invadindo o principal pilar da vida celular, como as células respiram - o que significa absorver oxigênio - e, assim, produzir energia química para o crescimento," disse o professor David Ng, líder da equipe no Instituto Max Planck para Pesquisas de Polímeros (Alemanha).

Impedindo a respiração normal

A equipe produziu uma droga sintética que viaja para dentro das células, onde reage conforme as condições encontradas para desencadear um processo químico. Esse processo faz com que as moléculas da droga se unam e formem minúsculos "cabelos", que são mil vezes mais finos que o cabelo humano.

"Esses pelos são fluorescentes, então você pode vê-los diretamente com um microscópio enquanto eles se formam," contou o pesquisador Zhixuan Zhou.

Ao monitorar o consumo de oxigênio em diferentes tipos de células, os pesquisadores descobriram que os pelos impedem todas elas de converter oxigênio em ATP, a molécula responsável pela entrega de energia nas células. O processo funcionou mesmo para as células derivadas de câncer metastático intratável.

Como resultado, as células morrem rapidamente - em quatro horas. Os cientistas esperam usar este mecanismo para desenvolver um novo método para tratar o câncer, incluindo cânceres até agora intratáveis.

A equipe também acredita que essa mesma abordagem poderá ser ajustada para controlar outros processos celulares, para tratar outras doenças.

Checagem com artigo científico:

Artigo: In Situ Assembly of Platinum(II)-Metallopeptide Nanostructures Disrupts Energy Homeostasis and Cellular Metabolism
Autores: Zhixuan Zhou, Konrad Maxeiner, Pierpaolo Moscariello, Siyuan Xiang, Yingke Wu, Yong Ren, Colette J. Whitfield, Lujuan Xu, Anke Kaltbeitzel, Shen Han, David Mücke, Haoyuan Qi, Manfred Wagner, Ute Kaiser, Katharina Landfester, Ingo Lieberwirth, David Y.W. Ng, Tanja Weil
Publicação: Journal of the American Chemical Society
Vol.: 144, 27, 12219-12228
DOI: 10.1021/jacs.2c03215
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