Pesquisadores brasileiros criaram um biossensor de baixo custo que detecta a presença de pesticida na água, no solo e em alimentos contaminados.
O sensor biológico é capaz de acusar a presença de um pesticida altamente tóxico que está sendo banido no Brasil, mas que ainda é usado em diversas lavouras no país: o metamidofós.
A inovação, fruto do trabalho da pesquisadora Izabela Gutierrez de Arruda, contou com a participação de cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
O metamidofós é utilizado principalmente em lavouras de soja para matar lagartas e percevejos. O pesticida penetra facilmente o solo e os lençóis freáticos e, ao contaminar a água e os alimentos, atua no sistema nervoso central dos seres vivos, inibindo a ação da acetilcolinesterase - enzima que promove as ligações (sinapses) dos neurônios.
Nos humanos, além de ser prejudicial para as funções neurológicas, o metamidofós também pode causar danos nos sistemas imunológico, reprodutor e endócrino e levar à morte.
Outros pesticidas
Ao colocar o sensor em uma solução - como extrato de soja ou de tomate - contendo pequenas concentrações de metamidofós -, a atividade da acetilcolinesterase é inibida e a enzima produz menos prótons do que produziria se não estivesse na presença do pesticida.
Essa diferença da quantidade de prótons produzidos pela enzima presente no sensor, quando exposta a diferentes concentrações do pesticida, é medida por meio de um pequeno aparelho, também desenvolvido pelos pesquisadores, no qual a película sensora é introduzida.
Semelhante a um medidor de glicose utilizado por diabéticos, o aparelho indica o nível de atividade da enzima e, consequentemente, o índice de contaminação por metamidofós da amostra analisada.
Enzima de frutas
Segundo os pesquisadores, o princípio empregado neste biossensor poderá ser adaptado para detectar outras categorias de pesticidas das classes dos carbamatos e dos organofosforados - à qual pertence o metamidofós -, que também inibem a ação da acetilcolinesterase.
O biossensor já despertou o interesse de fabricação e comercialização de uma empresa de biotecnologia de Minas Gerais. O custo estimado do aparelho - incluindo o sensor e o medidor - deverá ser entre R$ 100 e R$ 200 a unidade.
O componente que mais encarece o produto hoje, segundo os pesquisadores, é a acetilcolinesterase.
Para tentar substituí-la, eles iniciarão nos próximos meses um processo com o intuito de tentar obter de frutas - como o abacate e a banana - um outro tipo de enzima com propriedades semelhantes às da acetilcolinesterase.
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