11/01/2024

Aplicação de eletricidade no cérebro torna mais fácil hipnotizar as pessoas

Redação do Diário da Saúde
Aplicação de eletricidade no cérebro torna mais fácil hipnotizar as pessoas
A pesquisa levanta preocupações éticas porque também pode abrir caminho para a indução hipnótica indesejada ou sem uma concordância informada.
[Imagem: Gerada por IA Bing/DALL-E 3]

Hipnoterapia

Disparar pulsos elétricos de baixa potência em uma parte específica do cérebro torna as pessoas mais suscetíveis à hipnose.

Embora tenha implicações éticas preocupantes e a pesquisa ainda esteja numa fase inicial, os cientistas afirmam que essa descoberta poderá eventualmente levar a uma utilização mais generalizada da hipnoterapia para condições como a dor crônica.

"Existem muitas maneiras diferentes de tratar vários distúrbios e condições que temos tanto na psicologia quanto na psiquiatria," disse o professor Afik Faerman, da Universidade de Stanford (EUA). "A hipnose é uma técnica psicológica que demonstrou ser eficaz para ansiedade, depressão e principalmente dor."

A hipnoterapia é geralmente definida como o uso da hipnose para tratar uma condição ou mudar um hábito. O problema é que nem todas as pessoas são suscetíveis de serem hipnotizadas - ou seja, a hipnose não funciona para todos. A descoberta de um modo de aumentar a suscetibilidade à hipnose pode ampliar seu uso, mas também pode abrir caminho para a "indução hipnótica" indesejada ou sem uma concordância informada.

Forçando a suscetibilidade à hipnose

Estudos anteriores indicaram que pessoas altamente suscetíveis à hipnose têm maior conectividade entre duas partes do cérebro: O córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo e o córtex cingulado anterior dorsal. E estimular a primeira região aumenta esta conectividade.

Concentrando-se no córtex pré-frontal dorsolateral, localizado na parte frontal do cérebro, os pesquisadores aplicaram estimulação magnética transcraniana em 40 pessoas com fibromialgia, uma condição de dor crônica. A estimulação consistiu em 800 pulsos por meio de eletrodos postos sobre o couro cabeludo, com o procedimento durando pouco mais de 1,5 minuto - essa técnica utiliza campos magnéticos para estimular células nervosas em tecidos-alvo.

Depois de apenas uma sessão, os voluntários que receberam a estimulação elétrica cerebral tiveram um aumento na suscetibilidade à hipnose por até uma hora, enquanto um grupo de controle, que recebeu um tratamento simulado não apresentou nenhuma mudança.

Os pesquisadores agora pretendem repetir o estudo com um grupo maior de pessoas com uma gama mais diversificada de condições. Eles também querem ver se ajustar a duração ou o número de pulsos de estimulação elétrica que uma pessoa recebe afeta sua suscetibilidade à hipnose.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Stanford Hypnosis Integrated with Functional Connectivity-targeted Transcranial Stimulation (SHIFT): a preregistered randomized controlled trial
Autores: Afik Faerman, James H. Bishop, Katy H. Stimpson, Angela Phillips, Merve Gülser, Heer Amin, Romina Nejad, Danielle D. DeSouza, Andrew D. Geoly, Elisa Kallioniemi, Booil Jo, Nolan R. Williams, David Spiegel
Publicação: Nature Mental Health
DOI: 10.1038/s44220-023-00184-z
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