Plantas medicinais contra malária
A artemisinina, descoberta na década de 1970 e até hoje a principal droga contra a malária, é um medicamento de origem natural, derivado da planta medicinal chinesa Artemisia annua, ou Qinghaosu.
É bem sabido que a biodiversidade brasileira possui fármacos promissores.
Por isso, os pesquisadores Carolina Kffuri e Lin Chau Ming, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), passaram um ano e meio na região do alto rio Negro, no Amazonas, em busca das plantas da região usadas pela medicina tradicional no tratamento da doença.
O esforço revelou 46 espécies de plantas na Amazônia usadas contra a malária, sendo 18 com propriedades antimaláricas já confirmadas por pesquisas científicas e 26 ainda desconhecidas da ciência.
Os efeitos dessas 26 plantas medicinais nunca foram investigados, mas há um claro potencial para o desenvolvimento de novas drogas e que ninguém nunca tinha documentado - ainda que os índios as venham utilizando há séculos.
"Não conseguimos determinar a espécie de outras duas. São do gênero Swartzia e Piper. Não há nenhum registro publicado. Provavelmente são espécies novas," disse Carolina.
Remédio amargo
Entre as 46 plantas medicinais utilizadas pelos índios contra a malária, "a maioria era composta por árvores grandes e raízes, principalmente de herbáceas", disse a pesquisadora.
Das árvores geralmente se retira a casca, mas também são usados raízes, folhas, frutos, a planta inteira, caules e sementes. O preparo dos remédios envolve cozimento de cascas, fervura de chás, maceramento de folhas e sementes e queima de plantas até obter cinzas utilizadas in natura em banhos de vapor. Pelo menos em um caso as plantas são administradas na forma de enemas, medicamentos de ação tópica e secante usados em feridas com hemorragia.
"A dose normal é de um copo, três vezes ao dia, de manhã, ao meio-dia e à tarde", diz a pesquisadora. "As plantas usadas para banho são tóxicas. Neste caso, a dose é de uma colher na água do banho, duas vezes por dia. Utilizam também um cipó muito amarelo, que é uma das características das plantas usadas contra a malária; a outra é o amargor. São remédios muito amargos."
Vez da ciência
Uma questão suscitada pelas respostas dos índios intrigou a pesquisadora: eles dizem que alguns remédios não servem para todas as pessoas: Depende do sangue, dizem os índios.
"Teria isto a ver com o tipo sanguíneo do doente?", indaga Carolina.
Caberá aos bioquímicos, farmacologistas e à indústria farmacêutica a tarefa de verificar se as plantas têm de fato emprego no combate à malária e se é possível extrair delas princípios ativos que resultem em novos medicamentos.
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