26/06/2015

Acredite ou não, você é parcial e tem seus preconceitos

Redação do Diário da Saúde

Viés de parcialidade

Está bem estabelecido na literatura científica que as pessoas têm um "ponto cego de parcialidade", o que significa que elas têm menos probabilidade de detectar o viés em si mesmas do que nos outros.

Por exemplo, poucos médicos admitem que os brindes que recebem das empresas farmacêuticas influenciam sua prescrição de medicamentos, mas uma grande porcentagem desses mesmos médicos admite que os brindes influenciam a prescrição feita por seus colegas, explica o Dr. Erin McCormick, da Universidade Carnegie Mellon (EUA).

O que é preciso estudar mais é o quanto somos cegos para o nosso próprio grau real de parcialidade, e como racionalizamos para defender que somos menos tendenciosos do que os outros.

Para isso, uma equipe de quatro universidades norte-americanas desenvolveu uma ferramenta para medir o "ponto cego do preconceito".

Ponto cego do preconceito

Para o estudo, os pesquisadores fizeram cinco experimentos para ver se a incapacidade de ver a própria parcialidade - o ponto cego do preconceito - estaria associada a traços tais como o QI, capacidade de tomada de decisão em geral e autoestima, além de procurar por diferenças individuais no ponto cego.

O resultado mais revelador foi que todos são afetados pelo ponto cego da parcialidade - apenas um adulto dentre os 661 voluntários concordou que era mais tendencioso do que a pessoa média.

Os dados revelaram ainda que acreditar que se é menos tendencioso do que seus pares tem consequências prejudiciais sobre os julgamentos e comportamentos das pessoas, incluindo aceitar conselhos úteis para se livrar dos próprios preconceitos.

Conhecer a si mesmo

Embora algumas pessoas tenham-se mostrado mais suscetíveis ao ponto cego do preconceito do que outras, inteligência, capacidade cognitiva, capacidade de decisão, autoestima, autoapresentação e outros traços de personalidade não mostraram nenhuma associação com o viés e com a incapacidade de vê-lo em si mesmo.

A equipe também descobriu que as pessoas com um ponto cego particularmente forte são as mais propensas a ignorar o conselho de colegas ou especialistas, e são menos propensas a tirar proveito de treinamentos que poderiam melhorar a qualidade de suas decisões e ajudar a diminuir ou eliminar o viés de parcialidade.

Isto dá suporte ao conselho milenar de que conhecer a si mesmo é o primeiro passo rumo a tornar-se uma pessoa melhor.

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