10/03/2023

O que é Transtorno da Personalidade Esquiva?

Com informações do Jornal da USP
Transtorno da Personalidade Esquiva ainda é pouco estudado
É comum que esta condição venha junto com a fobia social.
[Imagem: Freepik]

Transtorno de Personalidade Esquiva

Os transtornos de personalidade são caracterizados por serem padrões de comportamento e de pensamento muito rígidos e disfuncionais, que podem causar sofrimento ou até mesmo comprometimento físico.

Esses padrões podem continuar estáveis durante a vida inteira, ou até piorar se não houver tratamento, o que significa que todos que convivem com a pessoa sofrem o impacto de seu comportamento disfuncional.

Um desses transtornos, muito pouco conhecido e mesmo pouco estudado, é o Transtorno de Personalidade Esquiva (TPE).

Trata-se de um transtorno crônico de má-adaptação social por conta de um sentimento intenso de inadequação.

"Transtorno de personalidade esquiva caracteriza-se por alterações já desde muito cedo no desenvolvimento humano, normalmente tomando maiores proporções no início da adolescência, em que a pessoa acaba por sentir uma aversão muito grande de rejeição social, de situações que ela possa se sentir inadequada, ou sentir vergonha de se sentir julgada," explica o professor Alan Luciano, do Instituto de Psiquiatria da USP.

Sintomas

Pessoas diagnosticadas com TPE têm imensa dificuldade em se relacionar com outras, romanticamente ou não, por sentirem que não são adequadas socialmente e terem um medo irracional de serem rejeitadas, humilhadas ou criticadas. Amizades, neste mesmo caminho, acabam se tornando escassas, já que elas estão constantemente isoladas. Há também uma desconfiança intensa de todos ao redor, além de uma autoavaliação negativa e dificuldade em assumir riscos pessoais ou engajar-se em novas atividades.

As pessoas com TPE necessitam constantemente de garantias de aceitação e aprovação social, além de terem que se sentir seguras e não criticadas para manter algum tipo de relação. Por isso, preferem o isolamento. Como mecanismo, passam a se esquivar de situações sociais de interação.

"Então, ela passa a se esquivar de situações que ela julga serem ameaçadoras para ela e, neste momento, ela passa a ter um padrão constante que tende a se perpetuar ao longo da vida", explica Luciano. O curioso desse transtorno é que a esquiva pode ser um mecanismo de defesa, mais do que um dos sintomas. O mesmo acontece com a supressão das emoções, muito comum no TPE.

O transtorno pode ser diagnosticado ainda na infância. Porém, o comum é identificá-lo após os 18 anos. Isso porque, a partir dessa idade, as interações sociais ficam mais frequentes e necessárias.

Causas da TPE

Não se sabe ao certo quais são os motivos para o desenvolvimento do Transtorno de Personalidade Esquiva, mas acredita-se que se trata de algo adquirido de acordo com o meio e com as experiências prévias durante a infância, principalmente de rejeição e marginalização.

"A autoestima que ele cria durante o desenvolvimento, as experiências de interação social e interpessoal que ele tenha ao longo da vida podem reforçar uma segurança maior ou uma insegurança maior, favorecendo o desenvolvimento do transtorno," considerou Luciano.

A comunidade científica ainda debate se o TPE é um transtorno à parte ou apenas uma variação dentro dos transtornos de ansiedade. Por muito tempo ele foi confundido com o Transtorno de Ansiedade Social, também conhecido como fobia social, transtorno referente a uma incapacidade de lidar com situações sociais por conta de uma ansiedade intensa e um sentimento de vulnerabilidade, muito conhecido como "medo de falar em público".

Também se acreditava que o TPE só poderia ser diagnosticado em uma pessoa caso ela também tivesse fobia social, mas hoje se sabe que não é assim, embora isso não descarte a possibilidade de o paciente desenvolver ambos os transtornos. Aliás, é comum que o TPE seja acompanhado por outros transtornos, como o depressivo ou o obsessivo-compulsivo. "É comum nessa situação o uso abusivo de álcool, para, de alguma forma, mitigar a ansiedade que a pessoa sente quando tem que se expor socialmente," disse o médico.

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