Renda Básica Universal
Eleitores suíços rejeitaram em uma votação surpreendente a proposta que garantiria renda básica equivalente a R$ 9 mil para todos os cidadãos do país.
Se tivesse sido aprovada, a proposta garantiria renda incondicional para todos os adultos, independente deles trabalharem ou não. Eles receberiam 2.500 francos suíços (cerca de R$ 9 mil). O Estado pagaria ainda 625 francos suíços (R$ 2.270) para sustentar cada criança.
Os defensores da medida argumentavam que, como o trabalho está cada vez mais automatizado, há menos empregos disponíveis.
Para Che Wagner, ativista do grupo Renda Básica Suíça, não se tratava de "renda em troca de nada": "Na Suíça, mais de 50% do total do trabalho realizado não é pago. É trabalho de assistência, trabalho em casa, em diferentes comunidades, que seria valorizado com uma renda básica".
Medo
Contudo, a proposta recebeu pouco apoio de políticos suíços - nenhum partido a defendeu abertamente. O plano só foi votado como uma proposta de lei de iniciativa popular, depois que ativistas colheram mais de 100 mil assinaturas de apoio.
Críticos da proposta disseram que desvincular o trabalho do dinheiro recebido seria "ruim para a sociedade".
Mas a maior oposição parece ter vindo na esteira de um medo geral na Europa no tocante aos imigrantes.
"Em teoria, se a Suíça fosse uma ilha, a resposta seria sim. Mas com fronteiras abertas isso é impossível, especialmente para a Suíça que tem um alto padrão de vida", disse Luzi Stamm, um parlamentar conservador. "Se nós oferecêssemos a cada indivíduo da Suíça uma quantia de dinheiro, haveria bilhões de pessoas tentando se mudar para cá".
Utopia
A ideia não é nova - há 500 anos, o autor Thomas More defendeu a renda básica no livro Utopia, e projetos em escala regional foram testados em diversos países - mas a possibilidade de implementação incondicional, institucionalizada e em larga escala é inédita.
Na Finlândia, o governo estuda dar renda básica para oito mil pessoas de renda mais baixa. Na cidade Holandesa de Utrecht um projeto similar deve começar em 2017.
Custo da renda universal
A estimativa oficial é que o projeto teria um custo de 208 bilhões de francos (R$ 750 bilhões), para atender 6,5 milhões de adultos e 1,5 milhão de crianças.
Desse valor, cerca de 55 bilhões viriam de cortes em outros projetos sociais. Outros 128 bilhões seriam financiados pelos assalariados: todos teriam 2500 francos abatidos de seu salário mensal, e aqueles que ganhassem menos que isso dariam todo seu salário ao governo e receberiam o subsídio em troca.
Os 25 bilhões de francos que faltariam para cobrir o custo do programa poderiam ser obtidos por meio de um aumento no imposto de valor agregado (IVA), que atualmente é de 8% e passaria a 16%.
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