24/10/2011

Síndrome de Steve Jobs: empresas de tecnologia não trazem felicidade

Redação do Diário da Saúde
Síndrome de Steve Jobs: empresas de tecnologia não trazem felicidade
O estudo contesta a visão tradicional de que o crescimento de uma empresa caminha lado a lado com o sucesso pessoal do seu fundador.
[Imagem: CIE/Universidade Jena]

Mais dinheiro e menos felicidade

Um estudo realizado com 441 empreendedores que criaram empresas de alta tecnologia, e tiveram sucesso financeiro com elas, revela que a riqueza não necessariamente traz felicidade.

Segundo o levantamento, há uma correlação positiva entre o crescimento da empresa emergente e a satisfação com a renda do seu fundador.

Contudo, esse mesmo sinal de sucesso empresarial está negativamente correlacionado com a felicidade do fundador.

Conceitos de sucesso

Arndt Lautenschlaeger, da Universidade de Jena (Alemanha), analisou empresas de alta tecnologia de diversas áreas.

A felicidade pessoal do fundador foi avaliada por indicadores que incluem satisfação com a vida, satisfação com o trabalho, situação financeira e tempo de lazer.

O termo "sucesso" foi conceituado de forma diferente pelos participantes. Alguns o associam com lucros e se tornar rico, enquanto outros valorizam mais ser o próprio patrão e a auto-realização.

Já o sucesso do empreendimento foi medido de forma objetiva, com indicadores de vendas, eficiência e lucros.

Sucesso da empresa, não do empreendedor

"Eu descobri que, no estágio inicial da empresa, o desempenho da firma e a satisfação pessoal do fundador andam lado a lado, com algumas poucas exceções," conta Lautenschlaeger.

Mas a satisfação com a vida do seu fundador apresentou um declínio no longo prazo conforme a empresa crescia - apesar do aumento na renda.

O pesquisador aponta que seu estudo contesta a visão tradicional de que o crescimento de uma empresa caminha lado a lado com o sucesso pessoal do seu fundador.

Desmotivação

As conclusões do estudo são importantes tanto para o empresário de alta tecnologia quanto para as empresas que eles fundam.

Para o empresário tudo parece mais fácil: como ele ficou rico - pelo menos no caso das 441 empresas estudadas - ele pode sair da empresa e usar seu dinheiro para aumentar sua satisfação com a vida.

Já para a empresa, o problema pode vir justamente quando o fundador não sai.

Conforme aumenta a insatisfação pessoal do fundador, sua permanência pode começar a representar um risco para a continuidade da própria empresa, que passa a enfrentar um risco real de falência por conta de uma condução desmotivada.

Síndrome de Steve Jobs

Steve Jobs, um dos maiores ícones do mundo da alta tecnologia, criou a Apple, uma empresa que, apenas alguns dias após sua morte, atingiu o maior valor de mercado de sua história e alcançou o pódio de empresa mais valiosa do mundo.

Antes disso, porém, Jobs foi demitido da direção da empresa em um momento de dificuldades, mostrando que os conselhos de administração das empresas de alta tecnologia de sucesso de fato precisam discutir abertamente se o criador não se voltou contra a criatura.

No caso de Jobs, posteriormente ele voltou e "reinventou" a empresa, levando-a ao patamar no qual ela está hoje.

Jobs morreu de câncer aos 56 anos de idade.

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