25/06/2010

Estudo revela desenvolvimento do sentimento de lealdade e justiça

Redação do Diário da Saúde
Estudo revela o desenvolvimento do sentimento de lealdade e justiça
Talvez de forma surpreendente, os resultados mostraram que o senso comum do adolescente egoísta não se sustenta.
[Imagem: NHH]

Moralidade e lealdade

Como a moralidade e a lealdade afetam o comportamento humano?

Esta é uma das questões mais fundamentais das ciências sociais e do comportamento.

Pesquisas anteriores mostraram que os dois sentimentos variam largamente de indivíduo para indivíduo, tanto em termos de quanto um se preocupa com questões de lealdade, quanto como eles se percebem como pessoas justas.

Mas todos os estudos disponíveis até hoje lidaram com adultos. Agora, cientistas da Noruega se debruçaram pela primeira vez sobre as questões de lealdade e justiça entre crianças e adolescentes.

"Este é o primeiro estudo que mostra como algumas dessas diferenças são moldadas na adolescência. Deste modo, o estudo também lança luzes sobre como as nossas percepções de justiça são afetadas tanto pelo ambiente social quanto pelos fatores biológicos," explica o professor Bertil Tungodden.

O que é uma desigualdade justa?

A maioria dos adultos acha que algumas desigualdades são justas.

Assim, ao contrário das crianças pequenas, eles nem sempre acreditam que a igualdade estrita seja uma solução justa para um problema de distribuição de riqueza, por exemplo.

Como é que isto pode ser explicado, e como é que essa aceitação da desigualdade se desenvolve?

Estas foram as questões motivadoras do presente estudo sobre o comportamento de 500 adolescentes entre 11 e 19 anos de idade.

"Comparando o comportamento de diferentes faixas etárias, conseguimos estabelecer padrões claros de desenvolvimento. Em particular, o estudo mostra que, conforme as crianças crescem, elas cada vez mais acham mais justas as desigualdades oriundas das diferenças nas realizações individuais," continua o professor Tungodden.

Questão de sorte?

No experimento, as crianças trabalharam em uma tarefa por 45 minutos. No final da sessão de trabalho, algumas tiveram sorte e receberam preços altos por sua produção, enquanto outras não tiveram sorte e receberam um preço baixo.

Assim, houve desigualdades como resultado tanto do volume de produção individual, quanto por sorte.

Cada participante teve então que decidir como distribuir o total dos rendimentos entre si mesmo e um outro participante. Assim, eles tinham que decidir quais as desigualdades eles achavam que eram justas.

"Aqui nós observamos um padrão muito interessante," acrescenta o professor Tungodden. "Embora quase nenhuma das crianças mais jovens tenha feito distinções entre a produção individual e a sorte, uma parte substancial dos mais velhos fez isto. Eles aceitaram as desigualdades que refletiam diferenças na produção individual, mas não as desigualdades que refletiam apenas sorte."

Não tão egoístas

As crianças tinham não só que considerar como pensar sobre a justiça em suas escolhas de distribuição dos rendimentos, mas também a intensidade em que deviam agir de forma egoísta.

Na verdade, elas tiveram a oportunidade de ficar com todos os lucros para si mesmas, não deixando nada para o outro participante. Desta forma, os pesquisadores puderam estudar como o egoísmo se desenvolve na adolescência.

Talvez de forma surpreendente, os resultados mostraram que o senso comum do adolescente egoísta não se sustenta.

"As crianças no final da adolescência cederam tanto quanto os mais jovens, tanto entre as meninas quanto entre os meninos. Desta forma, o estudo demonstra claramente que a mudança mais fundamental na adolescência está relacionada ao modo como as crianças percebem a lealdade e a justiça, e não à importância que atribuem a elas," explica o professor Tungodden.

Implicações para a sociedade

Este estudo lança algumas luzes sobre o que molda nossas preferências morais.

Na maioria das sociedades, as crianças estão cada vez mais expostas a recompensas pelas realizações individuais quando entram na adolescência.

Isso pode ajudar a explicar porque os pesquisadores observaram uma mudança de um ponto de vista estritamente igualitário de justiça em meados da infância, para a visão, na adolescência, de que as realizações individuais devem ser recompensadas.

"A ideia de que as experiências sociais contribuem para moldar nossas preferências morais é fundamental para definir como projetamos instituições e políticas ótimas na sociedade, como o sistema educacional. Ele mostra a importância de ampliar o debate político para incluir a questão: Será que temos uma sociedade que nos faz aspirar a valores morais que achamos válidos?", pergunta o Professor Tungodden.

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