Influência da luz sobre o sono
O ritmo circadiano natural do organismo não é o único elemento envolvido na falta de sono noturna. Luzes vermelhas e azuis podem produzir o mesmo resultado, de acordo com uma pesquisa que acaba de ser publicada no jornal médico BMC Neuroscience.
A brasileira Mariana Figueiro trabalhou com uma equipe do Instituto Politécnico Rensselaer (EUA) para estudar os efeitos das diferentes condições de iluminação sobre o sono e a falta dele.
"Hoje já é bem aceito que o sistema circadiano - o relógio biológico interno do corpo humano - tem sua máxima sensibilidade em relação à luz com baixos comprimentos de onda (azul) e é basicamente insensível aos grandes comprimentos de onda (azul). Nós agora demonstramos que níveis moderados de luz vermelha impactam a falta de sono, um efeito que então deve ocorrer por uma outra rota neurológica que não o sistema circadiano," explica Mariana.
Ritmo circadiano
O ritmo circadiano é um ciclo de aproximadamente 24 horas que marca vários processos biológicos, como a temperatura corporal, a síntese da melanina e o comportamento de dormir e acordar. Esses processos repetem-se a cada 24 horas e são fortemente sincronizados com o ciclo de luz-escuridão do ambiente.
Luzes fortes aumentam o estado de alerta durante a noite, mas nunca ficou completamente claro se esse alerta induzido pela luz pode se dar por outras rotas neuronais que não aquelas envolvidas com o sistema circadiano.
Falta de sono à noite
"Há evidências convincentes de que a estimulação do sistema circadiano pela luz aumenta o estado de alerta à noite, mas nossos resultados sugerem que este efeito é mediado não apenas pelo sistema circadiano, mas também através de outros mecanismos," diz Mariana.
O impacto das diversas cores da luz sobre a saúde humana é um campo emergente de pesquisas que tem envolvido desde estudos sobre o bem-estar e a qualidade do sono, até aplicações específicas da luz como radiação para aquecer nanopartículas e destruir células cancerosas.
Os cientistas planejam prosseguir suas pesquisas para tentar descobrir quais são essas novas rotas neurológicas que nos tornam sensíveis às diversas cores da luz.
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