Do fígado ao cérebro
Cientistas do Instituto Scripps, nos Estados Unidos, descobriram indícios de que as placas de proteína beta-amilóide, associadas à doença de Alzheimer, podem se originar no fígado e migrar para o cérebro.
Embora uma doença enquadrada tipicamente como neurológica, afetando o funcionamento do cérebro, estão se acumulando evidências de que o cérebro pode ser o ponto de manifestação da doença, mas não de sua origem.
Cientistas alemães já haviam demonstrado que a proteína ligada ao Alzheimer pode viajar para o cérebro, a partir de outros pontos no corpo.
Recentemente, especialistas divulgaram um manifesto afirmando que já é hora de uma nova teoria sobre a Doença de Alzheimer, uma vez que a teoria predominante hoje não tem produzido os resultados esperados.
Tratamento mais simples
No novo estudo, os cientistas usaram um modelo da doença - um animal geneticamente modificado para imitar o que ocorre no ser humano - para identificar os genes que influenciam a quantidade de amilóides que se acumulam no cérebro.
Eles descobriram três genes que protegem os camundongos do acúmulo e da deposição da proteína no cérebro.
Para cada gene, uma menor expressão no fígado protegeu o cérebro do rato do acúmulo da beta-amilóide.
Um dos genes codifica a presenilina, uma proteína da membrana celular que pode contribuir para o desenvolvimento da doença de Alzheimer em seres humanos.
"Isso poderá simplificar muito o desenvolvimento de terapias e prevenção para a doença," avalia o professor Greg Sutcliffe, que liderou o estudo.
Tratamento contra Alzheimer no fígado
"O produto desse gene, chamado presenilina 2, faz parte de um complexo enzimático envolvido na produção da beta-amilóide patogênica," explicou Sutcliffe.
"Inesperadamente, a expressão hereditária da presenilina 2 foi encontrada no fígado, mas não no cérebro. Uma elevada expressão da presenilina 2 no fígado está correlacionada com um maior acúmulo de beta-amilóide no cérebro e no desenvolvimento da doença de Alzheimer," completou.
Essa descoberta sugere que concentrações significativas de beta-amilóide podem se originar no fígado, circular pelo sangue e entrar no cérebro.
Os testes em animais confirmaram a hipótese, indicando que o bloqueio da produção da beta-amilóide no fígado poderá proteger o cérebro da doença.
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