Cientistas brasileiros conseguiram isolar e caracterizar uma neurotoxina presente na carambola, que atua no sistema nervoso quando não filtrada pelo rim.
A neurotoxina recebeu o nome de caramboxina.
O trabalho, que mereceu a capa da revista científica Angewandte Chemie International, foi publicado por pesquisadores da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, ambas da USP.
"Se uma pessoa sadia ingere a carambola, a toxina é absorvida pela digestão, filtrada pelo rim e eliminada na urina. Mas em pacientes com problemas renais, como o funcionamento do rim está comprometido, a toxina, que é um aminoácido modificado, cai na corrente sanguínea," explica o professor Norberto Peporine Lopes.
Se chegar à corrente sanguínea, a caramboxina liga-se a receptores do sistema nervoso central "e inicia uma sequência de eventos que incluem soluços, confusão mental, agitação psicomotora, convulsões e até a morte", explica Norberto.
Segundo o pesquisador, mesmo pessoas sem histórico de problemas renais devem consumir a fruta moderadamente, já que a carambola possui também ácido oxálico, que pode causar cálculos renais.
A eventual intoxicação com a carambola é tratada com bastante sucesso com hemodiálise se o diagnóstico for precoce.
Quanto à neurotoxina caramboxina, sua concentração na fruta é bastante baixa. Para conseguir 0,3 miligrama da substância foram necessários 20 quilos de carambolas, colhidas de árvores que não passaram por tratamentos com pesticidas.
Os pesquisadores também confirmaram que a neurotoxina sofre degradação quando misturada e conservada por um longo período em água.
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