Sempre que se fala em violência doméstica, a imagem criada no imaginário e na mídia envolve o homem agredindo a mulher.
A violência praticada contra o homem, por outro lado, é considerada uma exceção à regra.
Mas esses preconceitos precisam mudar rapidamente, sob pena do problema da violência doméstica não ser solucionado.
Foi o que apontaram os resultados surpreendentes do estudo realizado por Fernanda Bhona, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais.
Violência da mulher contra o homem
Com um total de 480 participantes, a pesquisa apontou que 77% de um grupo de 292 mulheres com relação conjugal afirmam ter xingado, humilhado ou intimidado o parceiro, contra 71% das mesmas ações tomadas por eles.
A agressão física do companheiro - tapas, socos ou chutes - foi assumida por 24% das mulheres. E, segundo as próprias mulheres, apenas 20% dos parceiros cometeram o mesmo tipo de agressão contra elas.
Quando o ato violento deixa lesões, hematomas ou causa desmaio após a pancada, cerca de 13% delas são responsáveis pela ação, contra 9,5% das agressões masculinas infligindo danos às parceiras.
O quadro típico da violência doméstica só se confirmou nos casos de agressão sexual leve - a pesquisa revelou que 16% das mulheres foram forçadas a fazerem sexo com o parceiro, enquanto 14% dos homens foram obrigados a praticar o ato por suas companheiras contra a sua vontade.
Violência contra a família
As agressões podem se agravar ainda mais se existir consumo excessivo de álcool pelas mulheres.
Segundo a pesquisa, 54% de um grupo de 252 mulheres, que tinham filhos de até 18 anos, cometeram algum tipo de ato classificado como maus-tratos aos filhos, como bater com a mão fechada ou chutar com força, após a ingestão de bebida alcoólica.
A pesquisa não revelou nenhuma associação significativa entre o consumo de cerveja acima do permitido e a violência praticada pelas mulheres contra os homens.
No entanto, 26% das entrevistadas relataram brigas entre o casal após a ingestão de álcool, que deixaram lesões nas mulheres e 35,6% delas sofreram algum tipo de agressão física.
Há dez anos, outra pesquisa realizada em 16 capitais brasileiras apresentou resultados semelhantes à pesquisa de Fernanda Bhona. O nível de agressão psicológica entre os casais ficou em 78,3% e o de abuso físico, 21,5%, apresentando um cenário contrário ao que se atribui normalmente ao homem, o de agressor.
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